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Mundo, um dia, todos os seres viverão em suas oo em paz. Os gûyrá kuery farão os seus ninhos, sem medo dos caçadores. Os yakã correrão os seus caminhos, e o xivi virá à beira d’água matar a sede, sem se preocupar.
O japu e o xexéu baterão longos papos à luz do entardecer, tão longos que toda a mata irá parar para escutar as aves poliglotas. Sob milhões de jaxy tata iluminando os céus, os avós se sentarão em torno das fogueiras, pytũn, e nos contarão histórias até adormecermos.
Haverá florestas para todos os lados por onde se olhe. O verde será a cor de todos os cantos. Nenhum ser mais morrerá de fome: haverá comida para todos. O ouro repousará o seu sono eterno sob a Terra, como deve ser, e as ita mais bonitas serão todas as que existem no mundo. Brilhantes da água da oky, as flores serão um lago para as eiru, e o barulho das gotas caindo na terra será como o som do mbaraka mirim. As minhocas dançarão felizes nas raízes das árvores velhas.
Os homens usarão os seus tembekua e os seus botoques, e falarão todas as línguas do mundo. E todos conhecerão a textura e as cores do urukum e do jenipapo.
. Glossário:
oo – casa gûyrá kuery – pássaros yakã – rios xivi – onça japu e xexéu – pássaros poliglotas jaxy tata – estrelas pytũn – à noite ita – pedras oky – chuva eiru – abelhas mbaraka mirim – maracá – instrumento musical tembekua – tembetá – adorno indígena urukum – fruta corante
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