Uma família tehuelche cavalga pelas planícies da Patagônia nesta gravura da década de 1880 – Bildagentur-Online / Universal Images Group via Getty Images
Pesquisa Fapesp Relatos britânicos do século XVIII informam que um povo indígena nômade do sul da Argentina era habilidoso no uso de cavalos. Provavelmente integrantes da etnia Tehuelche, que habitava a Patagônia argentina, usavam os equinos na caça de guanacos e emas – e, esporadicamente, consumiam-no como alimento. O que não se sabia ao certo era quando os cavalos haviam chegado à Patagônia, uma vez que há poucos relatos históricos e as espécies selvagens de equinos desapareceram da região há mais de 10 mil anos.
O grupo dos arqueólogos William Treal Taylor, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, e Juan Bautista Belardi, da Universidade Nacional da Patagônia Austral, na Argentina, esclareceu parte do mistério ao analisar ossos e dentes de quatro exemplares de cavalos encontrados no sítio arqueológico Chorrillo Grande 1, no extremo sul da Patagônia, próximo à fronteira com o Chile. A datação do material indica que ao menos três exemplares teriam chegado à região antes de 1800 e, ao menos um deles, antes de 1700 – uma estimativa sugere que os equinos já integrassem a vida dos Tehuelche quase um século antes.
De acordo com a análise do esmalte dos dentes, os animais teriam sido criados na própria região, alimentando-se das gramíneas da estepe. Segundo os pesquisadores, os cavalos teriam alcançado o sul da Argentina pouco mais de 100 anos depois de terem sido introduzidos no início do século XVI pelos colonizadores espanhóis na região de Buenos Aires, 2,5 mil quilômetros ao norte, e rapidamente incorporados à cultura tehuelche (Science Advances, 8 de dezembro de 2023).
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