Cena de “Morango e Chocolate”, clássico cubano de 1993 – Foto: divulgação
Considerado um marco do cinema latino-americano, “Memórias do Subdesenvolvimento” (foto, 1968), de Tomás Gutiérrez Alea, é um dos destaques da nova programação. Baseado no romance de Edmundo Desnoes, o filme acompanha Sergio, um intelectual burguês que assiste impassível a vitória de Fidel Castro na Revolução Cubana de 1959, enquanto amigos e familiares migram para Miami. Entre reflexões e encontros em Havana, a obra articula crítica social e subjetividade em meio às transformações políticas da Revolução Cubana.
Outro grande destaque é “Morango e Chocolate” (1993), dirigido por Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío. Ambientado em Havana no fim dos anos 1970, o longa mostra a amizade improvável entre um jovem comunista e um escritor católico gay, insatisfeito com a atitude do regime de Fidel Castro com a comunidade LGBT. Reconhecido internacionalmente, o longa foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e tornou-se referência na discussão da diversidade sexual em sociedades socialistas.
A programação também traz “A Morte de um Burocrata” (1966), sátira de Alea que ironiza a rigidez administrativa ao narrar a saga de uma família obrigada a exumar um operário enterrado com sua carteira sindical. Com humor ácido, o filme expõe os absurdos de um sistema que transforma a vida (e até mesmo a morte) em um labirinto burocrático.
Memórias do Subdesenvolvimento, de 1968 – Foto: divulgação
Do Brasil, “Sementes: Mulheres Pretas no Poder” (2020), de Éthel Oliveira e Júlia Mariano, documenta o maior levante político de mulheres negras do país, após o assassinato da vereadora Marielle Franco. O filme acompanha seis candidaturas de 2018, revelando a potência coletiva que transformou o luto em luta e marcou a história recente da política brasileira.
Na fronteira entre espiritualidade e performance, “Madeleine à Paris” (2024), de Liliane Mutti, registra o brasileiro Robertinho, queer, andrógino e filho de santo no Candomblé, que há mais de duas décadas comanda a lavagem das escadarias da Igreja da Madeleine, em Paris. Entre o ritual religioso e o cabaré, o documentário retrata a vivência híbrida de um personagem que transita entre o sagrado e o profano, o masculino e o feminino.
A seleção se completa com “Antes do Prato” (2022), de Carol Quintanilha, que percorre experiências de agricultura familiar agroecológica em diferentes regiões do Brasil. A obra revela como coletivos vêm articulando uma revolução silenciosa contra a fome e o colapso ambiental, aproximando campo e cidade em torno de práticas sustentáveis de produção e consumo. O documentário é parte do projeto Experimenta! Comida, Saúde e Cultura, do Sesc São Paulo, um convite a refletir sobre os diálogos da alimentação com a cultura, a economia, o meio ambiente, a saúde e outras dimensões sociais.
Todos os filmes podem ser assistidos gratuitamente, sem necessidade de cadastro, por tempo limitado, e ficam disponíveis na plataforma, pelo site sesc.digital ou pelo aplicativo Sesc Digital, disponível nas lojas Google Play e App Store.
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