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Nesta segunda-feira (15), às 19h, será lançado o Atlas da presença Quilombola em Porto Alegre/RS. Dividida em dois volumes, a obra é organizada por Cláudia Luísa Zeferino Pires e Lara Machado Bitencourt, com apoio do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (POSGEA/UFRGS). O lançamento pode ser acompanhando no canal do youtube do Atlas.
“Porto Alegre é a Capital mais segregada sob o ponto de vista étnico/racial do país, processo recrudescido em plena pandemia com mega projetos imobiliários que desconsideram a própria legislação vigente no que se refere às boas práticas de planejamento urbano, legislação ambiental e direitos humanos, originários, quilombolas e ambientais”, destacam as organizadoras.
A capital gaúcha tem 11 territórios quilombolas , sendo sete certificados pela Fundação Cultural Palmares e quatro auto declarados. Porto Alegre possui também o primeiro quilombo urbano titulado do país e gravado como Área Especial de Interesse Cultural, o Quilombo da Família Silva.
Quilombo da Família Silva é o primeiro quilombo urbano titulado do país e gravado como Área Especial de Interesse Cultural – Foto: Guilherme Santos/Sul21
Além dos quilombos, a capital gaúcha abriga, pelo menos, 10 retomadas indígenas entre Kaingangs e Mbya Guarani.
No primeiro volume do Atlas da Presença Quilombola em Porto Alegre/RS é exposto a trajetória de trabalho desenvolvida pelo Núcleo de Estudos Geografia e Ambiente (NEGA/UFRGS) e movimentos sociais (Frente Quilombola do RS – IACOREQ – AKANNI), junto às nove comunidades quilombolas de Porto Alegre (RS). São destacadas as cartografias contracoloniais, construídas com e a partir de cada comunidade quilombola da cidade: Quilombo da Família Silva, Quilombo do Areal, Quilombo dos Alpes, Quilombo da Família Fidélix, Quilombo da Família dos Machado, Quilombo da Família Flores, Quilombo da Família Lemos, Quilombo da Família de Ouro e Quilombo da Mocambo.
“Chegamos ao final dessa obra com o início de mais dois autorreconhecimentos de comunidades quilombolas na cidade Porto Alegre: o Quilombo Santa Luzia, localizado no Jardim Cascata/Bairro Glória, e o Quilombo Kédi, localizado no bairro Três Figueiras, que certamente possibilitará a continuidade de novos mapeamentos”, apontam as organizadoras.
No segundo volume são abordadas as diferentes formas e possibilidades de compreender os quilombos e os seus movimentos, permeando questões teóricas e metodologias, que se inscrevem na resistência, na resiliência e na formação da construção de territórios quilombolas. Traz as chamadas epistemologias quilombolas, articulando uma constelação de pesquisadoras e de pesquisadores, que, ao longo de suas trajetórias profissionais e de suas atuações políticas, junto aos movimentos sociais, compartilham conhecimentos acumulados em suas experiências de pesquisa, de ensino e de extensão.
“Destacamos o profundo impacto social, causado por esta publicação, no que tange ao reconhecimento e à valorização das geografias quilombolas na transformação do espaço urbano brasileiro e porto-alegrense, reunidas e analisadas para nos provocar, pedagogicamente, acerca das relações da produção de conhecimento e da reprodução desses conteúdos, a partir e para além da Geografia”, afirmam as organizadoras.
Elas aspiram que o Atlas fortaleça as compreensões do projeto político de organização espacial quilombola, visando à efetivação de medidas de reparação histórica e geográfica a todos os povos secularmente segregados, ao longo da formação socioterritorial brasileira.
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