. No curso gratuito, elaborado pelo professor Ismail Xavier, o aluno percorre uma importante etapa do cinema brasileiro e mundial, para compreender melhor como se deu a transição entre os estilos clássico e moderno, na passagem entre os anos 1950 e 1960. O curso analisa e compara cenas de três filmes emblemáticos na história do nosso cinema, que têm como tema o cangaço. São eles: O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto, uma produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz; Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos; e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha, ambos representantes do Cinema Novo.
As videoaulas e materiais de apoio são direcionados para todas as pessoas que estejam interessadas em cinema, cinéfilos, amantes ou curiosos da sétima arte, estudantes, educadores ou aqueles que desejem aprimorar o olhar e a escuta para incrementar a sua percepção das operações técnicas geradoras da composição formal e dos efeitos de sentido procurados por um filme. Com glossário de termos técnicos, contextualização e linguagem de fácil entendimento, o curso pode ser acompanhado até mesmo por quem não tem conhecimentos prévios em cinema. E, para os já iniciados, as sugestões e referências do material complementar possibilitam o aprofundamento dos assuntos.
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Em pauta, neste estudo comparativo, estarão três aspectos relacionados ao estilo dos filmes: luz, movimentos de câmera e montagem. O objetivo é situar como variações de linguagem nesses três elementos podem contar histórias bastante diferentes entre si e sugerir as intenções autorais dos realizadores. O percurso é uma oportunidade de conhecer obras e autores que marcaram uma época importante do cinema brasileiro.
O curso coloca em pauta um momento importante da história da arte cinematográfica, quando houve uma alteração na forma de se trabalhar com a câmera nas filmagens das cenas e na forma de combinar as imagens aí obtidas na operação de editar um filme. A forma de composição própria ao cinema narrativo industrial – cujo paradigma maior vinha de Hollywood e era marcado por regras bem definidas e pelo princípio da transparência – será cotejada com a alteração formal transgressora trazida por jovens cineastas e correntes renovadoras.
Focaliza-se o momento em que se deu esta invenção de um novo estilo, marcando uma inovação que teve desdobramentos desde então e que não se encerra neste passado. Observa-se até hoje a convivência entre o estilo clássico – que continua ativo no cinema comercial – e as variedades do estilo moderno que, em diferentes países, têm marcado a realização de filmes dentro da produção chamada de “baixo orçamento”. As correntes modernas seguem servindo de inspiração aos realizadores contemporâneos, o que reforça ainda mais a importância de estudá-las.
A linguagem cinematográfica, por meio de suas diversas técnicas e estilos, é capaz de contar as mesmas histórias de muitas maneiras diferentes, com intenções próprias, e isto fica nítido colocando lado a lado os três filmes escolhidos para o curso, que são marcos da história do cinema brasileiro. A linguagem narrativa audiovisual tem o poder quase mágico – porque por vezes passa despercebido – de provocar identificação ou estranhamento, aproximar realidades distintas, criar atmosferas, despertar reflexões ou convocar à ação, descortinar mundos desconhecidos ou imaginários. E ter noções gerais sobre ela nos permite ampliar nosso repertório e nossa fruição como espectadores de qualquer tipo de filme. Trazer exemplos brasileiros põe em relevo questões culturais que nos dizem respeito mais de perto e mantêm vivas a memória e a(s) história(s) da nossa cinematografia.
PROGRAMA DE AULAS
Aula 1: Introdução aos estilos clássico e moderno e à questão da luz no cinema clássico Aula 2: Estilo moderno: Fotografia e estética no Cinema Novo Aula 3: Movimentos de câmera e princípio da transparência no cinema clássico Aula 4: Câmera na mão e seus efeitos narrativos Aula 5: Montagem e construção narrativa no estilo clássico Aula 6: Ritmo e montagem no estilo moderno .
Pesquisador, crítico e professor de cinema. É um dos mais destacados teóricos do cinema brasileiro. Em sua produção intelectual, toma como base a análise imanente dos filmes, com a qual depreende as implicações socioeconômicas, ideológicas e históricas da produção cinematográfica.
É Professor emérito da Escola de Comunicações e Artes da USP, onde atua no programa de pós-graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Especializado nas disciplinas “Teoria do cinema”, “Linguagem cinematográfica” e “Análise do filme”, nas quais lida com questões que serão abordadas neste curso. Tem doutorado em Letras – Teoria Literária – pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, e completou o PhD em Cinema Studies pela New York University.
Publicou, entre outros, os seguintes livros: O Discurso Cinematográfico: a opacidade e a transparência; Sertão Mar: Glauber Rocha e a estética da fome; A experiência do cinema.
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