– Ação cultural na feira livre destaca o Dia da Consciência Negra. Atividades integram programa de leitura mantido pela associação Guatá –
DISCURSO, PRÁTICA, IDENTIDADE, COMPROMISSO
O mito do país cordial e sem racismo, a contribuição das populações africanas e afrodescendentes para a formação social e cultural da nação brasileira são alguns temas apresentados durante a edição do programa Tirando de Letra sobre o Dia da Consciência Negra, nesta sexta-feira, 18, na Feira do Bosque Guarani. O projeto, mantido pela associação Guatá, em parceria com a Fundação Cultural, populariza a leitura na feira livre, por meio da ação cultural. O ambiente de leitura, literatura e ideias instalado na feirinha reuniu poesia de autores afrodescendentes, exposição fotográfica sobre o cotidiano da produção cultural nas periferias, hip hop e minioficinas, uma para crianças e outra para jovens. Os DJs Equilybrium e Guilherme interagiram com o público, revelando a poesia presente na narrativa do rap. O material literário abrangeu textos de Carolina de Jesus, Conceição Evaristo, Jarid Arraes e Sergio Vaz.
CRIANÇAS, LETRAS E EXPRESSÕES:
Com um grupo de amigos, a estudante Nicole Frutuoso, de 17 anos, participou da minioficina e visitou o material do Tirando de Letra. “Achei a proposta muito interessante por tratar da consciência negra, da vida na periferia. Vivemos em um país em que as pessoas acham que não há preconceito racial, mas ele existe de forma discreta e velada”, reflete. “Essa ideia de leitura na feira possibilita aos jovens conhecerem outras culturas, como a do hip hop”, frisa. O DJ Equilybrium destaca a interação entre culturas promovida pela ação da associação Guatá. “O mais rico nesse espaço é poder interagir com pessoas que não têm contato com o hip hop, com crianças entusiasmadas com as rimas. Vimos diferentes grupos parar e acompanhar a nossa interferência”, conta. “O hip hop nasceu assim, ocupando os espaços públicos, pois ele atua como agente cultural e politizador”, expõe. Minioficinas da palavra Mediadas pelas agentes de leitura da associação Guatá, Angélica Pereira e Kariny Wermouth, as minioficinas do programa Tirando de Letra na Feira do Bosque Guarani enfatizam a palavra escrita. A partir da rima rápida e envolvente presente no rap e do improviso, as dinâmicas e exercícios utilizaram música e textos de autores afro-brasileiros, destacando as manifestações artísticas e culturais de matriz africana. Participante da oficina, Benjamin Pazos, de 7 anos, descobriu que a poesia pode ser cantada. “Eu gostei muito porque podemos cantar nosso poema no microfone”, revela. Arielly Rodrigues de Carvalho, de 10 anos, escreveu um texto que começou a ser elaborado com uma amiga, durante uma brincadeira. “Criamos a poesia inspirada em uma letra de hip hop. Minha amiga fez o começo eu terminei”, conta.
Edição especial de panfletos do Tirando de Letra
Dia Nacional da Consciência Negra. (Reprodução Guatá)
Guata/ texto: Paulo Bogler / fotos: Áurea Cunha, Kariny Wermouth e P. Bogler
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