Aquecimento global – Composição: iStock / ipopba
. Há exatos 50 anos, no dia 22 de abril de 1970, cerca de 100.000 pessoas ocuparam toda a extensão da Quinta Avenida, em Manhattan, Nova York. A cena se repetiu simultaneamente em ruas, praças e universidades de centenas de cidades nos Estados Unidos. Os manifestantes protestavam contra a poluição, o derramamento de petróleo nos oceanos e outras preocupações ambientais da época. Eram tempos de intenso ativismo político por causa da oposição de estudantes à Guerra do Vietnã. Segundo os organizadores, cerca de 20 milhões de americanos – 10% da população do país na época – saíram às ruas naquele dia para exigir um planeta mais limpo. Nascia assim o Earth Day, ou Dia da Terra, que passaria a ser lembrado todos os anos em 22 de abril.
Como resultado da mobilização gigantesca de 1970, o governo do presidente Richard Nixon criou no fim daquele ano a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), órgão federal encarregado de proteger a saúde humana e o meio ambiente. Pouco depois, os Estados Unidos aprovaram leis específicas para controlar as emissões, preservar a qualidade da água e proteger animais ameaçados de extinção.
Neste ano, por causa da pandemia do coronavírus, o Dia da Terra será celebrado com um evento virtual. A Earth Day Network, organização que coordena o movimento, anunciou que vai transmitir ao longo desta quarta-feira, em seu site (earthday.org), uma série mensagens gravadas e lives com personalidades como o Papa Francisco, o ex-vice-presidente Al Gore, o ator Zac Efron e o ambientalista Denis Heyes, que organizou o primeiro Dia da Terra.
Para este ano, a ativista Greta Thunberg lançou um vídeo intitulado “Nossa casa está em chamas”, que mostra uma casa pegando fogo em analogia com a Terra. Segundo os organizadores, as campanhas de conscientização atingem cerca de 1 bilhão de pessoas em mais de 190 países.
O coronavírus também colocou a sustentabilidade e o meio-ambiente em foco. Diferentes estudos mostraram que, com o isolamento social forçada, a poluição do ar diminuiu em diversas regiões do mundo. O diretor-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse nesta semana que a recuperação da pandemia do coronavírus deve ser transformada em uma oportunidade de que o montante que será investido para recuperar a economia seja direcionado à criação de negócios e empregos mais “verdes”.
O tema central do Dia da Terra neste ano são as mudanças climáticas. Um dos pontos que devem ser debatidos nas lives é o futuro do Acordo de Paris, que foi assinado em 2016 justamente no dia 22 de abril, para homenagear a data. Firmado por 195 nações, o tratado estabeleceu metas para que os países reduzam as emissões de gases de efeito estufa com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 2 ºC em relação aos níveis do período pré-industrial, buscando limitá-lo a 1,5 ºC.
Ironicamente, o país que lançou o Dia da Terra há meio século é hoje o principal obstáculo para o Acordo de Paris. Em junho de 2017, o presidente Donald Trump anunciou a retirada americana do tratado, sob a alegação de que quer um acordo “mais justo” para os Estados Unidos”. A saída do país do acordo deverá ser formalizada em 4 de novembro deste ano. O coronavírus pode trazer novos pontos à complicada discussão.
Desmatamento no Brasil – Foto: Agência Brasil
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