A data de 4 de janeiro assinala o nascimento de Loius Braille, o criador do sistema de leitura e de escrita Braille, que permite através do toque facilitar a leitura de textos por parte de pessoas portadoras de deficiência visual e, por consequência, sua melhor integração na sociedade.
Louis Braille ficou cegou aos 3 anos de idade e aos 20 anos conseguiu formar um alfabeto com diferentes combinações de 1 a 6 pontos que se alastrou pelo mundo e que ainda hoje é usado como forma oficial de escrita e de leitura das pessoas cegas.
Criada há quase 200 anos, a linguagem braille tornou-se o meio indispensável na formação social e política de cegos, possibilitando processo de alfabetização. O sistema consiste em combinações de seis pontos em relevo, que permitem a representação do alfabeto, números e simbologias científica, fonética, musicográfica e informática, garantindo que pessoas alfabetizadas neste sistema tenham acesso a informações diversas.
.A tecnologia somada ao braille
Com a chegada da interatividade, a geração Z, que engloba os nascidos em meados da década de 1980, aumentou o maior envolvimento com as plataformas digitais, mas o braille permanece como importante meio de comunicação para as pessoas cegas.
Com a absorção rápida de informação que as novas tecnologias permitem, as crianças crescem divididas entre a vida real e virtual, mas a relevância do braille na alfabetização de cegos é inquestionável. Regina Oliveira, coordenadora de revisão braille e cega desde os 7 anos, enfatiza a importância do braille na alfabetização.
“Por mais que tenhamos todos os recursos tecnológicos, que também ajudam na formação, ainda é necessário que as pessoas cegas tenham o contato direto com a escrita”, reforça Regina Oliveira, cega desde os 7 anos, e que compõem os Conselhos Iberoamericano e Mundial do Braille argumenta.
“Devemos também considerar que, para aqueles que gostam de ler, nada substitui o prazer de ter um livro nas mãos, sentindo-lhe o cheiro, virando-lhe as páginas, em busca de novas revelações ou voltando-as para reviver as sensações agradáveis do que já foi descoberto”.
Para ela, a alfabetização por meio do braille deve ser incentivada desde a idade escolar. “É preciso o estímulo dos professores e familiares para o uso do braille para alfabetização da criança para que ela não adquira uma cultura só pelo ouvir. Caso ela não tenha o contato direto com a simbologia vai ser muito difícil aprender matemática, química, física e biologia, por exemplo”.
“É importante lembrar que, mesmo com avanços tecnológicos, as pessoas que enxergam, ainda são alfabetizadas na forma convencional de escrita e leitura, o computador não substituiu a escrita a lápis ou à caneta, então, vale considerar que para as pessoas cegas, o braille é importante para o desenvolvimento cognitivo”, explica Regina Oliveira.
Alerta – Dados recentes da Federação Nacional de Cegos dos EUA – FNC, chamam a atenção para um fenômeno relacionado com as facilidades tecnológicas atuais, adaptadas à deficiência visual. Uma boa parte das crianças cegas estariam crescendo sem saber ler e escrever, pois as novas ferramentas possibilitam um tipo passivo de leitura. Ao contrário do braille, que permite uma leitura mais ativa, onde o cérebro absorve as letras, a pontuação, a estrutura do texto e outros aspectos.
________________________Fonte: www.fundacaodorina.org.br
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