Trem do Choro, no Rio de Janeiro – Foto: divulgação
Nesta terça-feira, dia 23 de abril, o Brasil celebra o Dia Nacional do Choro, uma data dedicada a um dos gêneros musicais mais emblemáticos do país. Originário do século XIX, o Choro é conhecido por suas melodias cativantes, harmonias sofisticadas e improvisações virtuosas, sendo considerado por muitos como a primeira música instrumental típica do Brasil e um reflexo da miscigenação cultural e da rica herança musical do país.
Este ano, a comemoração ganha um significado especial com o recente reconhecimento oficial do Choro como parte integrante da história e cultura brasileira. No dia 29 de fevereiro de 2024, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, presidido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), decidiu por unanimidade registrar o Choro no Livro das Formas de Expressão do Instituto.
O pedido de reconhecimento foi apresentado pelos Clubes do Choro de Brasília e de Santos, juntamente com o Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro, por meio de um abaixo-assinado. Esta decisão histórica não só valida a importância do Choro como uma expressão artística de valor inestimável, mas também reforça o compromisso com a preservação e promoção desse patrimônio cultural.
O Choro desempenhou um papel fundamental na formação da identidade musical brasileira, influenciando diversos estilos musicais, como o samba, a bossa nova e o choro-canção. Com suas raízes nos salões aristocráticos e nos bairros populares do Rio de Janeiro, o “chorinho” reflete a diversidade cultural e a rica história do Brasil.
O Choro, ou chorinho, é uma expressão musical que transcende fronteiras. Originado no Brasil, ele se disseminou por várias regiões do país e além, especialmente nos países da América Latina. Sua história remonta à década de 1830, quando foram publicados os primeiros “ramalhetes”, coleções para piano contendo músicas populares de salão.
Segundo documentos do IPHAN, com a popularização do piano nas capitais brasileiras, o comércio de partituras disseminou uma série de músicas que eram acompanhadas de danças e saraus familiares. Essas melodias eram inspiradas em uma mescla de costumes africanos, europeus e latinos.
A palavra “choro” surge como uma referência dada pelos músicos e ouvintes da época, que as consideravam “músicas de fazer chorar”. A essência do Choro reside na combinação dos sons de instrumentos como o bandolim, flauta, violão 7 cordas, pandeiro, cavaquinho e clarinete, em rodas musicais por todo o país.
Esse gênero musical brasileiro que encanta gerações, tem uma rica história marcada por artistas e músicas que se tornaram verdadeiros ícones culturais. Entre os grandes nomes que deixaram sua marca indelével no universo do Choro, destaca-se Pixinguinha, um verdadeiro mestre do gênero.
Alfredo da Rocha Viana Jr., conhecido como Pixinguinha, foi não apenas um compositor brilhante, mas também um multi-instrumentista excepcional. Sua composição mais célebre, “Carinhoso”, é um verdadeiro hino do Choro, reverenciado tanto no Brasil quanto no exterior.
Outro nome fundamental no cenário do Choro é Jacob do Bandolim, cujo virtuosismo e talento para o improviso o tornaram uma lenda viva do gênero. Jacob Pick Bittencourt, conhecido como Jacob do Bandolim, é reverenciado por suas composições intricadas e por sua habilidade técnica incomparável. Músicas como “Doce de Coco” e “Noites Cariocas” são exemplos emblemáticos de sua genialidade musical.
Ernesto Nazareth, renomado pianista e compositor brasileiro, também deixou uma marca indelével no Choro com suas valsas brasileiras e composições originais. Nazareth é conhecido por sua capacidade de fundir elementos da música erudita europeia com ritmos e melodias brasileiras, criando um estilo único e inconfundível. Suas obras, como “Brejeiro” e “Odeon”, são consideradas verdadeiras joias musicais.
Além dos mestres tradicionais do Choro, também há espaço para artistas que exploraram o gênero de maneiras inovadoras. Adoniran Barbosa, conhecido principalmente por suas músicas de samba, também deixou sua marca no universo do Choro com canções como “Trem das Onze”. Essa música, uma espécie de samba-choro, retrata de forma comovente a vida simples e cotidiana dos moradores das periferias de São Paulo.
O registro oficial no Livro das Formas de Expressão do IPHAN é um reconhecimento merecido aos mestres e músicos que contribuíram para a perpetuação desse gênero ao longo dos anos. Além disso, abre caminho para que as futuras gerações continuem a apreciar, estudar e se inspirar nessa tradição musical brasileira.
Portanto, neste Dia Nacional do Choro, é hora de celebrar não apenas a música, mas também a história e a cultura do Brasil, lembrando-nos da riqueza e da diversidade da nossa herança musical.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.