Por Mariana Tokarnia e Akemi Nitahara Neste primeiro episódio do podcast Dizem as Fontes, mostramos como a educação midiática e o jornalismo são próximos. Afinal, com as plataformas digitais, todos somos potenciais comunicadores, produtores de conteúdo e disseminadores de informação. Por isso a importância da educação midiática, que é a formação crítica da população para que saiba distinguir o que é uma informação verdadeira e o que é uma informação falsa, para que saiba como é produzida uma notícia e qual é o papel do jornalismo.
Assim, no meio de tantas informações, o jornalismo profissional parece perder espaço. Segundo a última edição, de 2023, do relatório digital News Report, elaborado anualmente pelo Instituto Reuters e pela Universidade de Oxford, a confiança da população na imprensa vem caindo ao longo dos anos. Em 2015, 62% dos brasileiros confiavam na mídia. Em 2023, esse índice caiu para 43%. Entre todos os países participantes, a média de confiança foi de 40%. A Finlândia registrou o maior índice, 69%, e a Grécia, o menor, 19%.
O jornalismo não apenas sofre uma perda de credibilidade, mas também ataques bem direcionados. Segundo a Fenaj, Federação Nacional dos Jornalistas, o número de ataques à categoria e a veículos de imprensa em 2022 chegou a 376. Embora esse número represente uma redução de cerca de 12% em relação a 2021, o relatório Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil mostra que aumentaram as formas de violência mais diretas e graves, como as ameaças, hostilizações e intimidações, com 77 casos, o que representa um crescimento de mais de 130%; e de agressões físicas, com 49 casos, que representa um aumento de quase 90% em relação ao ano anterior. Em 2023, quando no Brasil Jair Bolsonaro deixa a presidência, os ataques tiveram uma redução de cerca de 50%. Em meio a esse cenário, qual é o papel dos jornalistas e do jornalismo?
Para Patrícia Blanco, presidente executiva e do Conselho Diretor do Instituto Palavra Aberta – que têm como objetivos promover e defender a liberdade de expressão, liberdade de imprensa e o direito à informação – o jornalismo é fundamental para a educação midiática e a educação midiática é fundamental para o jornalismo. Principalmente para auxiliar o cidadão a entender o papel do jornalismo para a sociedade democrática:
“A gente tem visto uma queda muito grande, por N motivos, né, da credibilidade do jornalismo, da forma como as pessoas consomem a informação. Mudança total no hábito de consumo do cidadão em relação a notícias. E há verdadeiras campanhas para descredibilizar o jornalismo. Então, a educação midiática, no meu ponto de vista, é importantíssima para criar audiências críticas que saibam reconhecer o papel do jornalismo para a sociedade. Então, eu vejo que o papel do jornalista é reconhecer que é necessário que se tenha educação midiática, e o papel dos veículos é adotar e apoiar projetos de educação midiática para a formação de audiências críticas.”
O Bruno Ferreira, jornalista e professor que atua como consultor em educação midiática, define que o jornalista, enquanto comunicador, é um educador. A imprensa, ainda que não tenha essa finalidade pedagógica, os materiais de imprensa educam, porque informam, conformam visões de mundo, ajudam as pessoas a entender a realidade. O papel de um professor é semelhante, nesse sentido, ao papel de um jornalista:
“Eu acho que trazer a discussão sobre temas da cultura digital, no sentido de elucidar as pessoas sobre, por exemplo, o problema que envolve os algoritmos, que restringem o acesso à informação nas plataformas digitais ou condicionam a experiência dos usuários, explicando para as pessoas o que é inteligência artificial, o que é desinformação, como a gente faz para ser curador das próprias informações. O jornalista que constrói um material, uma reportagem com esses elementos educativos, ele também contribui para a educação midiática”.
Este é o podcast Dizem as Fontes, uma parceria entre a Radioagência Nacional e a Agência Brasil. Este projeto começou na academia, fruto do mestrado profissional de Mariana Tokarnia, na área de mídias criativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ.
Você também pode ouvir na Radioagência Nacional outros podcasts, como Ciência: mulheres negras dão o tom; e Grandes Invisíveis. Todos os capítulos estão disponíveis nos tocadores de áudio e no site da Radioagência Nacional, um serviço público de mídia da EBC.
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