.Do subúrbio para os palcos dos bares badalados de Foz do Iguaçu. A introdução, bem que poderia descrever uma das estrelas meteóricas que surgem hoje em dia nas páginas da internet. Mas não é!Essa história vai trazer à tona um pouco da galera da contra-cultura de Foz do Iguaçu.Nos primórdios do nosso conto, nos distantes anos de 1980, as notícias chegavam com atraso na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Para quem estava em busca das tendências da cultura, a espera era ainda mais longa. Mas chegavam!O primeiro Rock in Rio abriu muitas portas. Na esteira do mega-festival, vieram os regionais, forçando rupturas. Em Foz do Iguaçu o Rock Foz deu uma nova perspectiva para quem sonhava em montar uma banda e sair por aí. Era possível!Dois anos se passaram até aquele que ficou conhecido como o primeiro festival underground de Foz do Iguaçu. Entre as atrações a, paulista Vulcano e a curitibana Epidemic, bandas já conhecidas no Brasil e exterior. O palco, uma escola do Jardim São Paulo, na região do Bairro Morumbi.A partir dali, bandas de metal e suas tendências heavy, death e thrash, hard rock, punk rock, hardcore, grind core pipocaram nos bairros. Sem espaço na mídia tradicional (rádio e TV), vistos com desconfiança pela sociedade (beirando a marginalização), com dificuldades para ensaiar e sem equipamentos para apresentações ao vivo.A solução possível foi a união das bandas principalmente dos integrantes das bandas e amigos, os famosos “roadies”, que acabam garantindo a entrada nos festivais, graças a esta proximidade. Sem muitos recursos, o subúrbio se constituiu a principal trincheira desta vertente cultural. Não era raro ver bandas inteiras dentro de ônibus de transporte coletivo, cruzando de bairro a outro a Foz do Iguaçu, carregando instrumentos, peças de bateria e os famosos cubos de som, fundamentais para os ensaios e os shows. O São Francisco (hoje Morumbi), Porto Meira, Vila C e AKLP eram os redutos desta turma.De lá para cá já se passaram mais de 30 anos e aquele espírito de compor músicas, ou apresentar cover do grupo favorito, não morreu. O que mudou, e para melhor, foi a estrutura disponível. Muitas das bandas que começaram nos primórdios, em locais como o Bambu Pizza Bar, hoje sobem aos palcos de bares badalados de Foz do Iguaçu.A cultura do faça você mesmo sobreviveu aos percalços e, depois de tantas décadas se renovou, deu razão a existência de um público fiel e, com o tempo, novos e bem preparados espaços foram surgindo em Foz do Iguaçu.Longa vida ao rock n rol!
____________________________(*) Ronildo Pimentel é jornalista, músico underground e ativista cultural em Foz do Iguaçu. Editor do CabezaNews
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