Livro pode ser lido como uma jornada, partindo do modo como nos relacionamos com a astronomia – Arte sobre foto/Freepik
“O céu intriga o homem desde a pré-história, representado em pinturas anteriores à escrita e em mitos sobre deuses e heróis. Não tardou até que começássemos a tentar entendê-lo. A astronomia nasceu de observações ainda a olho nu e de hipóteses que nem sempre se mostraram verdadeiras. Da Mesopotâmia à América, os primeiros estudos do céu tiveram impacto em diversos aspectos de cada cultura, desde a religião até a divisão e a organização do tempo. Ainda hoje, a astronomia continua a nos desafiar”, informa a apresentação do e-book O céu que nos envolve: Uma introdução à Astronomia para educadores e iniciantes, que está disponível no Portal de Livros Abertos da USP para download neste link .
Com edição e coordenação do professor Enos Picazzio, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, o livro reúne artigos de astrônomos com vasta experiência em pesquisa, ensino e divulgação, todos docentes da Universidade. Os capítulos estão organizados para atender a interesses específicos, aprofundando cada tema de forma particularizada. Com finalidade educativa, a obra é complementada por um Manual do Educador que inclui informações e sugestões para seu uso em ambiente escolar. O objetivo é levar um pouco do Universo aos estudantes brasileiros, integrando um trabalho que vem sendo realizado há algumas décadas no Departamento de Astronomia do IAG.
O céu que nos envolve também pode ser lido como uma jornada, partindo do modo como nos relacionamos com a astronomia – desde o que ela representou e o que representa ao homem até os modos como observamos e estudamos o céu, como está descrito na apresentação. O leitor é convidado a caminhar pelas implicações do céu para o planeta Terra e para o Sistema Solar, com a combinação de fúria e harmonia essencial para sua formação e seu funcionamento. A viagem continua em direção às estrelas e às galáxias, até lançarmos o olhar ao Universo – sua história, sua composição e a Teoria do Big Bang, com seu embasamento teórico e observacional. E encerramos o percurso voltando a uma questão essencial: a vida, e como ela poderia se manifestar no Universo.
Publicação está disponível para download gratuito – Foto: Reprodução/IAG-USP
No capítulo 5, o próprio coordenador escreve sobre os sistemas planetários. “Até o final do século 17, a existência de planetas orbitando estrelas era apenas uma hipótese, mais filosófica que científica, pois não havia comprovação observacional. Este assunto passou a ser tratado com mais rigor por Christian Huygens (1629-1695), que passou longos anos procurando sistematicamente planetas extrassolares. Nada foi encontrado. Quase dois séculos depois, mais precisamente em 1916, o astrônomo americano Edward Emerson Barnard comunica a descoberta uma estrela na constelação do Ofiúco que parecia bambolear em torno de sua posição”, conta Picazzio.
Segundo o autor, a discussão sobre a possibilidade dessa oscilação ser causada por planetas em torno da “estrela de Barnard” perdurou por décadas e nada foi comprovado. “Somente em 1995 é que foi logrado sucesso na procura por planetas orbitando outras estrelas: a estrela 51 Pégaso tinha um planeta. Desde então, a quantidade de planetas orbitando estrelas têm aumentado sistematicamente”, explica, acrescentando que esses planetas fazem parte de conjuntos de corpos de diferentes tamanhos que circundam as estrelas. “Não visualizamos os demais corpos porque ainda não dispomos de instrumentação adequada para fazê-lo”, completa.
Levando em consideração o conhecimento teórico sobre formação de estrelas a as atuais observações, podemos definir um sistema planetário como sendo o conjunto de objetos não estelares que orbitam uma ou mais estrelas, tais como planetas, satélites, asteroides, cometas, fragmentos menores, além de gás, conceitua Picazzio, “Esses sistemas surgem durante os estágios de formação estelar, por isso o Universo deve estar repleto de planetas”, atenta. Além disso, o texto aborda o Sistema Solar, “o sistema planetário da nossa estrela, o Sol”. Segundo ele, os corpos desse sistema se agregam ao Sol pela ação da força gravitacional. Esse conjunto é formado por corpos diferentes em tamanho, composição química, distância etc., sendo que a região limítrofe do Sistema Solar é a esférica Nuvem de Oort, cujo raio atinge quase um terço da distância do Sol à estrela mais próxima (Próxima do Centauro).
“Esta pergunta vem ecoando no vazio através dos tempos. Esse vazio foi povoado por fantasias de alienígenas visitando a Terra. Alguns radioastrônomos desenvolveram detectores monitorando simultaneamente milhões de sinais para captá-los a distância. Mas nada até agora! E isso não é porque necessariamente não existam”, afirma o astrônomo Augusto Damineli Neto (professor do IAG-USP), no último capítulo do livro À procura de vida fora da Terra. E continua: “A pergunta: ‘tem alguém aí?’ parece óbvia. Mas pode ficar sem resposta por uma lista enorme de motivos secundários. Ela pressupõe não só que existam seres ‘inteligentes’ (ou melhor, que tenham capacidade de linguagem simbólica), mas que também disponham de tecnologia de transmissão de sinais e queiram dar sinal de sua existência. Não há qualquer teoria científica que possa nos guiar nesse terreno escorregadio”.
Segundo o autor, recentemente, astrônomos elaboraram uma pergunta mais promissora: “Existe vida como a da Terra em outros planetas?” Para Neto, essa é uma questão que pode ser testada experimentalmente, encaixando-se assim no paradigma tradicional da ciência. Embora não tenhamos uma teoria geral da vida, sabemos como ela se manifesta na Terra e como detectá-la em outros planetas. Por esse motivo, essa introdução tem como título Micróbios: os ETs do século XXI. Na sequência, ele aborda o Ozônio e metano como sinais de atividade biológica; Água, átomos biogênicos e energia como condições necessárias para vida como a da Terra; e Onde procurar vida, além dos exoplanetas rochosos, pontos estratégicos para procura de vida fora da Terra.
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