O filme Marighella, dirigido por Wagner Moura, teve sua estreia nos cinemas brasileiros anunciada para o dia 14 de maio. O comunicado foi feito por meio da conta oficial do filme na rede social Instagram, nesta quinta-feira (16). O longa-metragem traz Seu Jorge no papel do ex-deputado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), escritor e guerrilheiro e foi baseado na biografia de Carlos Marighella escrita pelo jornalista Mário Magalhães. “Agora é pra valer. Hora de encher os cinemas do Brasil. O esquecimento é amigo da barbárie. O conformismo é a morte”, postou Magalhães em sua conta no Twitter após o anúncio.O filme teve a estreia cancelada no Brasil em novembro passado. Marcada para o Dia da Consciência Negra, a chegada do filme ao circuito nacional de cinemas foi cancelada na véspera. A produtora do longa, O2, afirmou na ocasião não ter conseguido cumprir “todos os trâmites” exigidos pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). Desde então, uma nova data não havia sido anunciada.Marighella estreou mundialmente no Festival de Berlim em fevereiro passado. Antes de sua estreia, em uma entrevista exclusiva para o Brasil de Fato, Wagner Moura falou sobre as dificuldades enfrentadas pela equipe desde o momento de conseguir financiamento para o filme.“Existiu totalmente um boicote. Embora o filme vá estrear em 2019 no governo Bolsonaro – na época em que a gente estava filmando parecia uma piada isso – mas já vivíamos uma polarização grande e um crescimento do conservadorismo. Eu que sempre fui um artista identificado com a esquerda, então ficou ‘o petralha fazendo filme sobre o terrorista’ e ninguém queria se associar a isso. A gente recebeu respostas agressivas, mas estou seguro do filme que fiz e preparado para a porrada”, afirmou na ocasião o diretor estreante.Entrevistado pelo Brasil de Fato por ocasião dos 50 anos da morte de Carlos Marighella – assassinado pelos órgãos de repressão da Ditadura Militar – o jornalista Mário Magalhães classificou como censura a dificuldade de exibir o filme nos cinemas. “É evidente que a demora para a estreia do filme dirigido pelo Wagner está relacionada com o obscurantismo que avança no Brasil. É tempo do que o governo chama de ‘filtro’ na cultura. Para quem rejeita eufemismos, trata-se de ‘censura’, e não ‘filtro’”, afirmou.
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