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O livro base do trabalho reúne textos dramatúrgicos de autores e autoras argentinas – Foto: Tina Souza
Uma releitura do livro “Pañuelos en Escena: Teatro para no Olvidar”, realizada pelos estudantes do curso de Técnico em Teatro do Colégio Estadual do Paraná, levou muita emoção a um dos espaços culturais mais emblemáticos da capital paranaense – o Miniauditório do Teatro Guaíra. A peça esteve em cartaz no mês de junho, em sete sessões, todas com casa cheia.
Diante da força do texto, da boa receptividade do público e do entrosamento entre a turma, a ideia é realizar uma nova temporada de apresentações no segundo semestre. A intenção é circular por espaços de cultura e escolas não só da capital, como de municípios da região metropolitana.
O livro base do trabalho reúne textos dramatúrgicos de autores e autoras argentinas, em homenagem às Mães da Praça de Maio. Traz seis histórias, reais, de luta dessas mães por respostas sobre o desaparecimento de seus filhos e filhas, perseguidos pela ditadura que assolou a Argentina entre os anos de 1970 e 1980.
A encenação de ‘Pañuelos’, como foi denominado o espetáculo dos estudantes paranaenses, pode ser considerada a primeira adaptação do livro para o teatro brasileiro. Pelo menos, não há registro de que a peça já tenha sido apresentada aqui no país, conforme observa o professor Hélio de Aquino, que supervisionou o trabalho dos estudantes. Mesmo na Argentina, o único registro encontrado de encenação quando do lançamento do livro, em 2009.
“Das seis histórias do livro”, explica o professor, “adaptamos cinco”. Trataram-se de adaptações relacionadas principalmente ao idioma (gírias, por exemplo), para melhor apropriação do texto pelos estudantes e melhor compreensão pelo público. A tradução foi feita pelo próprio Hélio de Aquino e por uma das estudantes, Lara Senger, filha de argentino.
O professor conta como se deu a escolha pela obra: “A turma gostaria de fazer um drama, que tivesse relevância histórica e política. Então, me lembrei desse livro, que trouxe de Buenos Aires quando estive em 2018, e sugeri, no que foi aceito pelos estudantes”.
A turma que montou o espetáculo é a do terceiro período, isto é, a que está se formando no curso . A própria peça, aliás, é uma prova pública, um dos instrumentos de avaliação. “Com a prova pública, forma-se um grupo de teatro. Geralmente, por um tempo o grupo, já por conta própria, costuma seguir com as apresentações. E esse grupo tem interesse sim; já recebeu convites e fez alguns contatos”, adianta Hélio de Aquino.
Serão apresentações de cunho pedagógico, e não com fins comerciais, pontua o docente. Há previsão de sessões no Teatro Municipal de Piraquara e em espaços de outros municípios. Ainda, em escolas estaduais, e no próprio Colégio Estadual do Paraná. “Abre-se uma porta para um circuito por diversas escolas, com a apresentação a estudantes”, observa o professor. Pelo instagram do grupo (@panuelos.tt) será postadas datas de novas sessões.
Os estudantes realizadoras da obra são: Júlia Eduarda, Lara Senger, Ruan Pablo, Getúlio Tadeu, Jéssica Lourenço, Karine Ramos, Samy Almeida, Paulo Roberto Silva, Gustavo Lago, Yuri Kim, Clau Bleichwl, Dionata Santos, Estes Baptistella, Eliseu Santos, Karla Comochena, Letícia Karoline. Eles foram divididos em funções como produção executiva, figurino, iluminação, sonoplastia, cenografia e comunicação.
Além do docente Hélio de Aquino, compõem a equipe de professores da turma André Barroso, André Meirelles, Jackson César Lima, Janine Schneider, Laudemir Baranhiuki, Murilo César Erhig, Sílvia Contursi e Tina Souza. Ainda, Rose Schier como pedagoga responsável pelo curso. Na direção geral do Colégio Estadual do Paraná, Laureci Schmitz.
O curso de Técnico em Teatro é um dos seis na modalidade subsequente – isto é, voltados a quem já conclui o ensino médio – ofertados pelo Colégio Estadual do Paraná. São públicos e gratuitos.
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