Fotomontagem com imagens da exposição Presente Ancestral Indígena – Arte: Ana Júlia Maciel/Jornal da USP
. “Por meio da arte, nós, indígenas de diversas ramas, povos, com suas diferentes histórias, cada um à sua maneira, neste território Pindorama, onde foi inventado o Brasil, nos encruzilhamos e fazemos um coro, um canto, um grito, um barulho, um protesto”, destaca Tassia, em texto que abre a exposição.
Entre as obras apresentadas na exposição estão as fotografias de Pepyaká Krikati, do povo Krikati, do Maranhão. Elas mostram a tradição da pintura corporal daquele povo. “Nós usamos urucum para pinturas corporais, assim como a tinta de jenipapo, que tem sua textura escura azulada. O urucum é vermelho, é essencial e não pode faltar em dias de brincadeiras e festas culturais na aldeia”, explica o artista.
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Pintura corporal com urucum – Foto: Pepyaká Krikati
.Uma xilogravura e o vídeo O Verbo se Fez Carne são contribuições para a exposição exibidas por Ziel Karapotó, da nação Karapotó, artista visual multimídia, cineasta, ator e produtor cultural formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com pouco mais de seis minutos, o vídeo – produzido em 2019 – põe em evidência as diferenças entre as tradições indígenas e o discurso de missionários pentecostais.
Xilografia de Ziel Karapotó – Foto: Reprodução
Os desenhos de Thaysa Aussuba são outra atração de Presente Ancestral Indígena. Aluna de Artes da UFPE, ela utiliza diferentes suportes e pigmentos em suas obras, entre eles tinta aquarela e acrílica. “Busco exercitar o potencial de transformação afetiva e social pela construção coletiva dos saberes e expressividades”, ela diz.
Desenho de Thaysa Aussuba – Foto: Reprodução
Compositora, poeta, escritora e contadora de histórias do povo Anishinaabe, da região de Ontário, no Canadá, a artista Leanne Betasamosake Simpson exibe a música Under Your Always Light. A respeito dessa obra, ela destaca: “Tanto uma canção de amor quanto um grito de batalha de desafio contra o colonialismo, Under Your Always Light é uma declaração sussurrada de amor pela terra e cria a ambiência para um ritmo hipnótico de sons sinuosos.”
A curadora Tassia Mila também apresenta trabalhos na exposição. Ela é autora de peças sonoras que reproduzem sons da natureza. Entre essas obras estão Conversando com Pássaros, Cântico do Rio e Dos Cânticos Ouvidos na Floresta. “Com as peças sonoras que componho, quero ativar o sentido de que a natureza selvagem, com suas águas, rios, mares, oceanos, animais, plantas, rochas, montanhas, vento, fogo, conta sua história”, afirma Tassia.
A exposição Presente Ancestral Indígena, que faz parte da 5ª Wrong Biennale, está em cartaz até 1º de maio de 2022 NESTE LINK.
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