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. Estão esquecidas num canto da sala, pois canto não fala,
Lembranças das estórias de vidas,
que foram compartilhadas e assistidas pelo cachorro, pelo gato, pelo velho portarretrato; pela porta e pela janela, pelos vizinhos que também faziam parte dela;
e até por grandes artistas, espectadores, que todo dia, o dia todo, de dentro do aparelho
da televisão preto e branco, oito polegadas, só chuviscos, emprestada,
ansiosos, um empurra-empurra pelo melhor lugar para, de perto acompanhar,
esqueciam seus papéis emocionados, com as cabeças para fora da tela, acompanhavam, como se fossem novelas, as cenas protagonizadas pela família,
numa rotina diária de contextos sempre tão iguais quanto diferentes, que de uma cena comovente, dramática realmente,
ia ao hilário ou piegas, quando transformava o banal em verdadeiras tragédias gregas.
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