A exposição “Favela na arte”, pode ser visitada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) até o dia 22 de março, envolvendo o trabalho do artista plástico e rapper Gabriel Kertischka, mais conhecido como Vàtto, sob as lentes do jovem fotógrafo Eduardo Manfré.
Vàtto, conhecido pela militância na Frente Brasil Popular e no PT na época da prisão de Lula, busca expor suas pinturas e telas para fotografias, ambientadas em áreas de ocupação urbanas.
O artista escolheu para isso, como forma de mostrar o próprio enraizamento nas comunidades onde ele a a família moram. As comunidades curitibanas “29 de Março”, onde vive, e “Dona Cida”, onde moram os pais, fazem parte de um complexo de áreas de ocupações criadas pelo Movimento Popular por Moradia (MPM).
O objetivo, de acordo com o artista, é “Mostrar, para além do glamour da obra (é mais fácil achar minhas obras no mercado de luxo), a origem do artista, como um contraponto, resgatando de onde venho”, preconiza.
Vàtto conta que uma das motivações da exposição vem do estranhamento que uma pessoa de classe média alta mostrou quando viu seus trabalhos ambientados em áreas de ocupação. À pergunta de “arte na favela?”, o artista retrucou com: “Como se a favela não tivesse condições, eu sou a favela na arte”, disse. E pensou na atual mostra.
O artista se afirma com técnicas diversas, que vão do rap à arte plástica. “Na exposição será lançada a música “Favela na arte”. Estou buscando nessa fase da minha carreira agregar o rap, a arte plástica e a literatura”, afirma, apontando que também está prevista a publicação de um conto literário no contexto deste trabalho.
Obras inseridas em algum cenário, com personagens das comunidades – Foto: Manfré / Divulgação
Para o fotógrafo e militante popular Eduardo Manfré, que participa da construção do evento, há uma crítica ao desvínculo atual entre o discurso da obra e a sua inserção. “Uma crítica também à forma que a gente vê foto hoje em dia, no Instagram, baseados numa utopia de coisas que não vivemos. E as fotos são justamente o contrário, para trazer a realidade do autor para a exposição”, afirma.
Quem acompanha as redes sociais do autor percebe as cores fortes de seus trabalhos, num diálogo com a arte muralista latino-americana. Como Vàtto disse, sua ideia é passar uma ideia de América Latina, “de poder popular”, diz.
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