Mulheres agricultoras e camponesas demonstram que a Agroecologia é uma alternativa concreta ao modelo de produção agrícola industrial – Eliana de Oliveira / Arquivo Copcraf e Coopercam
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“Sem feminismo não há agroecologia”. Sob esse lema, milhares de mulheres agricultoras trabalham no campo, não só garantindo comida saudável na mesa dos brasileiros, como também construindo consciência sobre os direitos das mulheres. Esse é o caso das agricultoras do Assentamento Madre Cristina, em Rondônia.
Por serem maioria no território, elas se articularam em setores de mulheres para debaterem sobre questões de gênero não só campo, mas também na cidade. Zanalia Neres, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Rondônia (MST), ressalta o protagonismo das mulheres na agricultura brasileira.
“A gente se reafirma enquanto mulheres lutadoras e feministas. Nós somos protagonistas da nossa própria história quando, nos nossos territórios, estamos fazendo parte da vida cotidiana, seja ela no roçado, na cooperativa, nas associações, festas ou rezas. É assim que nós vamos nos auto-afirmando”, explica.
Em Alagoas, as agricultoras do Movimento de Mulheres de Camponesas (MMC), do assentamento Flor do Bosque, além de plantarem alimentos agroecológicos, também promovem reflexões e práticas que unem a luta no campo com a luta feminista.
“O movimento tem essa característica de estar sempre animando as mulheres. Eu também me animo e quando estou animada eu consigo animar outras mulheres pra que de fato possamos sempre erguer a bandeira da não violência contra as mulheres. A bandeira de que precisamos cuidar da mãe terra, das nossas sementes, da água”, destaca a camponesa do movimento, Maria Cavalcante.
A agricultora também conta sobre como o trabalho no campo tem ajudado as mulheres a se conscientizarem sobre as violências que sofrem e os direitos que possuem.
“ A gente não pode deixar que as nossas mulheres sofram tanta violência. Precisamos estar sempre unidas e fazendo formações para que as mulheres se orientem, pra que elas saibam do seu verdadeiro papel. Precisamos lutar por políticas públicas para que as mulheres não sofram mais violências e não sejam mortas. agroecologia não é isso. Agroecologia é respeitar a vida”, afirma.
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