Quarto de despejoQuando infiltrei na literaturaSonhava so com a venturaMinhalma estava chêia de hiantoEu nao previa o pranto. Ao publicar o Quarto de DespejoConcretisava assim o meu desejo.Que vida. Que alegria.E agora… Casa de alvenaria.Outro livro que vae circularAs tristêsas vão duplicar.Os que pedem para eu auxiliarA concretisar os teus desejosPenso: eu devia publicar…– o ‘Quarto de Despejo’.
No início vêio adimiraçãoO meu nome circulou a Nação.Surgiu uma escritora favelada.Chama: Carolina Maria de Jesus.E as obras que ela produz
Deixou a humanidade habismadaNo início eu fiquei confusa.Parece que estava oclusaNum estôjo de marfim.Eu era solicitadaEra bajulada.Como um querubim.
Depôis começaram a me invejar.Dizia: você, deve darOs teus bens, para um assiloOs que assim me falavaNão pensava.Nos meus filhos.
As damas da alta sociedade.Dizia: praticae a caridade.Doando aos pobres agasalhos.Mas o dinheiro da alta sociedadeNão é destinado a caridadeÉ para os prados, e os baralhos
E assim, eu fui desiludindoO meu ideal regridindoIgual um côrpo envelhecendo.Fui enrrugando, enrrugando…Petalas de rosa, murchando, murchandoE… estou morrendo!
Na campa silente e friaHei de repousar um dia…Não levo nenhuma ilusãoPorque a escritora faveladaFoi rosa despetalada.Quantos espinhos em meu coração.Dizem que sou ambiciosaQue não sou caridosa.Incluiram-me entre os usuráriosPorque não critica os industriaesQue tratam como animaes.– Os operários…
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