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Escola destruída em Paracatu de Baixo, distrito de Mariana (MG) – Pedro Stropasolas
Seguir os rastros de destruição dos dois maiores crimes ambientais das últimas décadas no Brasil. E voltar no tempo. No documentário Herança maldita: do ciclo do ouro ao neoliberalismo, é possível entender como o rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho são fruto de um modelo de exploração minerária implementando desde o ciclo do ouro em Minas Gerais, no século 18.
“O atual modelo é um modelo muito agressivo, que é consonante com essa fase mais agressiva do capitalismo das últimas décadas, que chamamos por neoliberalismo”, pontua o diretor Tomás Amaral ao jornal Brasil de Fato. .
. “Então a gente vai fazer o link do que está ocorrendo agora no estado de Minas Gerais com esse modelo ligado ao capital financeiro, onde os grandes acionistas das empresas minerárias definem metas a nível global, e as empresas aqui no nosso território para atender essas metas começam a explorar minérios de uma forma muito mais desregrada”, completa.
O filme foi lançado em 2021, e segue circulando em festivais nacionais e internacionais. Desde julho deste ano também está disponível gratuitamente no Youtube.
A gravação iniciou logo após o rompimento da Barragem I da Vale no Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019. Um dos destaques do filme são os bastidores da privatização da Vale, considerada um marco da expansão das políticas neoliberais e do controle do capital financeiro e internacional sobre a exploração de minério no país. .
. “Para nós está claro que o modelo de mineração adotado pelo estado brasileiro segue sendo um modelo de saque. Saque dos nossos bens minerais, das nossas riquezas, atendendo aos interesses do capital internacional. E cada vez mais essa contradição nessa relação vem se aprofundando”, analisa Juliana Deprá, da Direção Nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
“A gente não rompeu com essa lógica racista, lógica do saque, de levar embora a riqueza, e deixar pra nós os prejuízos. Socializando aí a miséria, deixando rastros de destruição”, completa.
Com o apoio do MAM, o longa também vem sendo exibido em comunidades atingidas pela mineração em Minas Gerais, como é o caso de Serro (MG).
Exibição de Herança Maldita no município de Serro (MG) / Pedro Stropasolas
. “Tomás percorreu diversos territórios emblemáticos de conflitos com grandes mineradoras no estado, como a Vale, a Anglo American, que seguem atuando de forma violadora operando o saque mineral no nosso estado. E a gente vem realizando, desde o ano passado, uma série de exibições desse documentário, tanto nas cidades, tanto em comunidades com que já tem mineradoras instaladas ou que convivem como ameaça de instalação”, explica Deprá.
“No imaginário nacional, Minas Gerais é conhecido como a terra do pão de queijo, do cafezinho, do fogão à lenha, que você vai chegar, vai ter um friozinho, alguém vai te acolher e depois você vai numa cachoeira, vai ver aquela paisagem rural. Há também a agricultura familiar, a pesca, o turismo ambiental. É isso que a gente não pode deixar destruir. E o filme, com muita gente qualificada, faz esse debate”, finaliza o diretor Tomás Amaral.
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