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. Durante muito tempo a “Cabanagem”, ocorrida entre 1835 e 1840, na antiga província do Grã-Pará (abrangia os atuais estados do Maranhão, Piauí, Pará, Amazonas, Amapá e Roraima), foi explicada pelos historiadores de forma muito breve, e quase sempre como uma das muitas “revoltas regenciais” que aconteceram por todo o Brasil durante o Período Regencial (1831-1840). O rótulo, no entanto, acaba escondendo particularidades fundamentais dessa revolta: a sua profunda e singular relação com a região amazônica. . Essa visão, felizmente, tem sido revisada nos últimos anos por uma série de novas pesquisas sobre a região amazônica no período regencial. Um desses estudos foi publicado recentemente pela Fundação Lauro Campos e Marielle Franco: “Cabanagem: revolução amazônica: 1835-1840”, do historiador José Alves de Souza Junior (UFPA), de 2022. .
O livro tem download gratuito aqui, em formato PDF e MOBI. . No livro, Junior explica que a Cabanagem foi a maior revolta popular da história do Brasil e que “constituiu-se em um momento privilegiado de uma longa tradição de resistência desenvolvida pela massa de despossuídos pela colonização, formada por indígenas, negros, mestiços e homens brancos pobres”. Segundo ainda o historiador, a insurreição apresentou alto nível de organização, com o emprego de táticas de guerrilha que permitiram aos revoltosos fazer frente a superioridade militar do inimigo. . “Apesar de derrotada, não pode ser apagada da memória da população paraense como tem permanecido até hoje. É preciso devolver a ela a importância que teve como movimento que ousou enfrentar a elite econômica e política dominante na província do Pará, colocando em xeque a estrutura fundiária, que reconhecia o direito de propriedade da terra a muito poucos, a escravidão, a exclusão social da maioria da população”, escreve o professor da UFPA.
A Cabanagem foi uma revolta popular que ocorreu na região da Amazônia, na região norte do Brasil, entre os anos de 1835 e 1840. Ela teve como objetivo principal a luta contra a dominação política, econômica e social das elites locais e também contra a dominação da corte portuguesa que governava o país.
A revolta foi liderada por cabanos, como eram chamados os participantes da revolta, que eram na maioria negros, índios e mestiços, além de alguns brancos pobres, quase sempre desqualificados, excluídos e explorados pela elite econômica e política da época. Eles se rebelaram contra o governo imperial brasileiro, que era controlado pelas elites locais e também contra as forças portuguesas que ainda tentavam manter o controle da região. O episódio causou grande preocupação entre a elite colonial e provocou distúrbios até mesmo na América caribenha.
Na última segunda-feira, os parceiros do podcast História Pirata lançaram o episódio 97, especial sobre a Cabanagem. O programa de Daniel Carvalho e Rafinha entrevistou Aldenir de Vasconcelos, Mestre em História pela Universidade Federal do Pará e parte deste movimento historiográfico que vem repensando a histórica amazônica, suas revoltas e cultura política. Clique aqui para conferir, que tem cerca de 1h30.
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