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Certa noite, quando assistia a uma sessão de cinema, ouvi atrás de mim uma voz desconhecida exclamar:
“Não sei como você pode viver neste lugar…”.
Dirigia-se a pessoa que aqui reside há poucos anos qual, em resposta, articulou umas palavras, não de protesto, mas qualquer coisa para dissimular a sua opinião, respeitando, talvez, num delicado gesto, a minha presença ali. Contudo, aquelas expressões ressoavam em meus ouvidos, penetrando fundo até ferir a minha sensibilidade de iguaçuense ferrenha. Decerto, o “Desconhecido” tinha razão. Talvez, eu estivesse cega àquela verdade pelo muito que estimo o meu torrão natal. Lembrei-me, então, daquele patinho feio e desprezado que, ao crescer se transformou num belo e soberbo cisne, apenas, sujeito a sua natural evolução. Pois bem: Foz do Iguaçu é meu patinho feio…
Tenho a deslumbrante visão das Cataratas para emoldurar o quadro que retrata a expressiva paisagem de minha Terra! O seu contorno é delineado pelo inestimável tesouro que a natureza lhe dotou: um solo fértil e rico; um clima salubérrimo e uma bela situação geográfica, valiosa obra prima para edificar um grande centro de civilização. Necessita, para lhe aperfeiçoar a forma e o colorido, apenas, mão hábil e capaz de construir, com estes elementos, a obra de arte que irá enriquecer a vasta galeria de nossa Pátria, pois Foz do Iguaçu é uma célula viva que deve crescer e se desenvolver para integrar-se no corpo gigantesco na Nação Brasileira, como parcela viva!
O espírito do quadro está no seu povo, cujo caráter se define na maneira simples, natural e franca com que acolhe os que chegam, oferecendo-lhe todos os recursos de sua hospitalidade, porque vê, em cada ser, um amigo a lhe prestar colaboração no árduo trabalho de desenvolver a cultura e o progresso do lugar. Abriga-se, em seu seio, o sorriso, secando a lágrima; a amizade, destruindo o ódio; o amor, construindo lares; a felicidade, envolvendo os corações e a saudade, cultuando aqueles que aqui passaram, deixando a marca indelével de sua ação!
Eis o panorama que deleita os meus sentidos e responde ao Forasteiro arrogante: “Isto é que faz a gente viver em Foz do Iguaçu!”
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