Etapa de criação do jogo de tabuleiro sobre Macunaíma – Foto: Rodrigo Marzano
“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente”. O livro, publicado em 1928, é um dos principais romances do autor modernista Mário de Andrade, e uma das principais obras da literatura brasileira. A partir dela, o autor buscou realizar um retrato do Brasil, usando como pano de fundo lendas e mitos do folclore brasileiro e paisagens que vão da Amazônia a São Paulo.
A obra inspirou iniciativas da USP em torno do centenário da Semana de Arte Moderna, que se comemora em 2022. Uma delas é a produção de jogos relacionados ao icônico personagem que nomeia o livro, como o jogo de tabuleiro Arapucas: Macunaíma II – Um retorno à distopia.
Ele foi desenvolvido na disciplina Produção de Games, ministrada pelo professor Gilson Schwartz, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Os desenvolvedores são os estudantes Rodrigo Marzano, de Audiovisual, e Christian Moraes, formado em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Marzano contou que decidiu fabricar o jogo após sugestão do professor Schwartz. “Fui reler e me interessei em fazer o jogo. A nossa meta de criação foi pensar numa continuação de como a história seria depois que acabou o livro e o Macunaíma foi para os céus”, disse.
No enredo original, o protagonista perde um amuleto chamado Muiraquitã, uma lembrança dada por Ci, seu grande amor. Entre idas e vindas, a trama termina com Macunaíma indo aos céus sem seu talismã. No jogo criado por Marzano e Moraes, entretanto, o personagem volta à Terra em busca do amuleto.
“Ele volta representado pelos quatro elementos: fogo, terra, ar e água. Cada jogador representa um desses elementos, então a mecânica do jogo é que cada jogador tem que recuperar o amuleto e tentar voltar aos céus”, explicou Marzano.
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Áreas do jogo de tabuleiro – Fotos: Rodrigo Marzano
O jogo foi feito em formato de tabuleiro, inspirado por outros como Ludo, Pachisi e Barricadas, de maneira artesanal. Os materiais usados pelos estudantes foram principalmente madeira e recicláveis.
Depois da confecção, os estudantes, junto a projetos do professor Schwartz, têm como objetivo oferecer para jovens do ensino fundamental e médio oficinas sobre como produzir seus próprios jogos usando materiais como os do Arapucas.
Esses workshops já estão sendo realizados em iniciativas como uma parceria com a prefeitura da cidade de Brotas, em São Paulo, na qual jovens aprendem a confeccionar games. “Os temas são natureza, meio ambiente, sustentabilidade, e claro, Macunaíma”, disse o professor Schwartz.
Os próximos passos envolvem a ideia de criar uma versão digital do tabuleiro. “Meu projeto de TCC vai ser transportar esse jogo analógico para o digital. De repente, criar um aplicativo de celular para as pessoas jogarem”, contou Marzano.
O jogo Arapucas também será apresentado na edição de 2021 do Game For Change América Latina, que acontecerá virtualmente entre os dias 12, 13 e 14 de novembro, e é coordenado pelo professor Gilson Schwartz.
O evento tem parceria com o grupo de pesquisa da USP Cidade do Conhecimento e traz como temas desta edição justiça, diversidade e criatividade. Macunaíma está entre os desafios da programação, nos quais os participantes podem criar jogos analógicos ou digitais usando o personagem como tema e se inspirando no acervo da Coleção Mário de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP.
A inscrição e o evento são gratuitos. É preciso preencher o formulário, disponível no link, para participar: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeQYs672-UvdEc4hIgpDlcgG8Zr8IkkZjkbWxOhrSQ1v5VZlw/viewform.
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