Google Doodle faz sua primeira homenagem de 2021 neste 06 de janeiro para o psiquiatra, cientista, professor e reformador social brasileiro Juliano Moreira.
Ao longo de sua carreira no início do século 20, Moreira revolucionou o tratamento de pessoas com transtornos mentais no Brasil e lutou incansavelmente para combater o racismo científico e a falsa vinculação da doença mental à cor da pele.
Juliano Moreira nasceu neste dia em 1872 em Salvador, Brasil, de mãe que era escrava em uma residência aristocrática.
Com base em sua inteligência excepcional, Moreira conseguiu se matricular na Escola Bahiana de Medicina com apenas 13 anos.
Formou-se médico aos 18 anos em 1891 e, com a tese “Sífilis maligna precoce“. Cinco anos depois, era professor substituto da seção de doenças nervosas e mentais da mesma escola.
De 1895 a 1902, frequentou cursos sobre doenças mentais e visitou muitos asilos na Europa (Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Escócia).em 1896.
Moreira voltou sua atenção para o tratamento de doenças mentais e viajou o mundo para estudar abordagens de outros países.
Quando retornou ao Brasil, Juliano Moreira teve a oportunidade de aplicar seus novos conhecimentos em 1903, quando foi nomeado para dirigir um hospital nacional no Rio de Janeiro, Brasil, para pacientes com doenças mentais.
Ao longo de quase três décadas no cargo, ele implementou reformas abrangentes para fornecer uma abordagem mais humanística e científica ao atendimento ao paciente.
Foi autor da lei que da assistência que o governo deveria estender aos pacientes com problemas mentais em 22 de dezembro de 1903.
Juliano Moreira promoveu uma revolução estrutural, sanitária e ética no Hospital dos Alienados no Rio desde que ocupou o cargo de diretor.
Registros fotográficos mostram nitidamente leitos limpos, claros e com um aspecto digno, deixando de lado a visão sombria de masmorras com grades, correntes e maus tratos de épocas anteriores, para se tornar um lugar apropriado aos pacientes internos.
As ações do Dr. Juliano Moreira em abolir o uso de coletes, grades e camisas de força no Hospital dos Alienados foram revolucionárias e ousadas ao ponto de mudar a visão da sociedade em relação aos doentes mentais.
Como disse Afrânio Peixoto: “Juliano veio e mudou tudo” durante uma sessão ordinária em 23 de Maio de 1933 da Academia Brasileira de Ciências, da qual Juliano foi fundador (Peixoto, 1933).
Dr. Juliano Moreira lutou contra o uso de coletes, grades e camisas de força no Hospital dos Alienados, no Rio (Foto: arquivo Wikipedia )
Para homenagear o legado de Juliano Moreira, um hospital em sua cidade natal, Salvador, foi rebatizado de Hospital Juliano Moreira em meados dos anos 30.
Ao longo de toda sua vida, participou de muitos congressos médicos e representou o Brasil no exterior, na Europa e no Japão.
Foi membro de diversas sociedades médicas e antropológicas internacionais, fundou, em colaboração com outros médicos, os periódicos Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1905), Arquivos Brasileiros de Medicina (1911) e Arquivos do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro (1930) e a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1907).
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