Desde 2013, o ilustrador Elias de Carvalho Silveira é presença garantida nas edições do Congresso Latino-Americano de Software Livre e Tecnologias Abertas (Latinoware). Além de desenhista na Unesp desde 1989, já fez trabalhos para diversas publicações renomadas, como Galileu, Época Negócios, Playboy, Superinteressante e Mundo Estranho, além de materiais promocionais para celebridades da TV.Para a edição deste ano, que será realizada entre 27 e 29 de novembro, Elias já é uma das atrações confirmadas, com a palestra “CVsP++ release 4.5 – Como viver sem o Photoshop”. Confira a entrevista completa:Desde quando você participa do Latinoware? Como surgiu o primeiro convite e como foi a sua primeira experiência no evento?Participo desde a edição de Aniversário de 10 anos do Latinoware, em outubro de 2013, mês em que completava exatamente um ano de uso de softwares livres. Por desistência de um dos palestrantes da área de Design e Produção Gráfica, fui indicado e quase não acreditei. Era novato ainda na Comunidade mas já havia ouvido falar da grandiosidade deste evento. E já na minha primeira participação me colocaram para palestrar no Espaço Brasil, o maior auditório. Foi assustador! Mas saí vivo de lá e, graças a Deus, todos os anos aqui estou novamente, comemorando mais um ano de novas conquistas profissionais com o uso do software livre, e podendo compartilhar minha experiência.A maioria dos profissionais envolvidos nessas áreas (artes gráficas e animação) ainda recorre aos softwares proprietários. Como as tecnologias livres vêm avançando para suprir as necessidades deste público?Hoje temos ferramentas livres que podem suprir totalmente as necessidades dos usuários destas áreas. O que os impede de serem largamente utilizados ainda é o preconceito e também a difícil quebra de paradigmas: como desbancar um software que até verbo se tornou? (Risos) Mas eu acredito que há espaço para todos, e a escolha de qual software utilizar é de cada um. Seja proprietário, seja livre/open source, o melhor software sempre será aquele que melhor lhe atender. Hoje não me vejo utilizando Photoshop novamente. Tenho tudo o que preciso para o meu trabalho e não utilizo nem 20% dos recursos que meus softwares escolhidos me fornecem. Só para citar um exemplo de que o uso de software livre é totalmente viável, veja o filme de animação “Next Gen” (Netflix) produzido 100% no Blender.Atualmente é possível ser um ilustrador digital sem utilizar softwares proprietários? Quais as ferramentas você utiliza?Em alguns casos específicos o ilustrador ainda pode encontrar obstáculos. Um exemplo é quando precisa compartilhar o arquivo durante etapas do processo com usuários de software proprietário. O Photoshop tem recursos (alguns deles) que não são reconhecidos pelos softwares open-source similares como Krita e Gimp, não por culpa destes, mas sim pelo código fechado do software proprietário (Photoshop) que dificulta a vida dos programadores (que já fazem alguns milagres de compatibilidade) para que possam tornar os softwares livres cada vez mais compatíveis com a ferramenta proprietária que hoje domina o mercado. Para usuários como eu, que não sofro com este vai e vem de arquivos entre livres e proprietários durante o processo, produzo em software livre e entrego o arquivo pronto, até mesmo na extensão do Photoshop para facilitar a vida do cliente. É totalmente possível ser ilustrador sem utilizar softwares proprietários. Desde 2012, quando comecei a usar, é 100% de software livre. Os softwares que mais utilizo hoje são Krita, Gimp e Inkscape para ilustração, Kazam e Kdenlive para captura e edição de vídeos que produzo para o meu canal (https://www.youtube.com/user/eliassilveiraMAD/), demonstrando meu processo de ilustração, tanto digital como manual.Como foi o teu processo de migração de softwares proprietários para ferramentas livres?Em 2012, o Cadunico (também palestrante no Latinoware 2019) foi ministrar um curso de Produção Gráfica com Softwares Livres (Gimp, Inkscape e Scribus) na Unesp – Câmpus de Ilha Solteira, onde trabalho. Fui forçado a fazer o curso, já que era um “photoshopeiro” de carteirinha na época. O Cadunico sofreu bastante mas conseguiu me convencer (risos) e desde lá migrei para GNU/Linux, e consequentemente, para todos os aplicativos compatíveis. Desde 2012 uso 100% de softwares livre.Você é um grande entusiasta do software livre, participando de outros eventos do gênero. O que te motiva a participar de ações da comunidade?Como cito no resumo da minha palestra, meu propósito é conscientizar a grande maioria dos designers e ilustradores (e também profissionais de outras áreas) iniciantes ou não, que ainda acreditam ser os “Adobes e Corels da vida” a solução para os seus problemas, que a coisa não é bem assim. Não importa a ferramenta, e sim o que se faz com ela. Tenho tido também a oportunidade de apresentar minha palestra para alunos de várias escolas de Ensino Médio/Técnico e também Superior, o que me deixa ainda mais motivado, pois estou lidando com muitos jovens que ainda não estão contaminados pelos vícios de mercado. Surge esperança de termos uma nova geração de profissionais que tenham a consciência de que o software é apenas uma ferramenta de trabalho e que não sejam dependentes de software X ou Y.Para esta edição, o que está preparando em sua apresentação no Latinoware? Teremos novidades?A palestra é sempre a mesma “CVsP++ release 4.5 – Como viver sem o Photoshop”, só que não! Sempre tem alguma coisinha diferente que acrescento a cada edição. Ora por conta de novos trabalhos, ora pela performance do palestrante, ora por alguma nova mensagem que eu queira transmitir. Para este ano estou preparando novidades nos três itens citados.
As inscrições antecipadas para o Latinoware podem ser realizadas pelo link https://2019.latinoware.org/inscricoes/ ao custo de R$ 60. Depois do dia 10 de novembro, o valor aumenta para R$ 80.A intensa programação do congresso – promovido pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e pela Itaipu Binacional – deve contar com mais de 100 atividades, entre palestras, minicursos, workshops e mesas-redondas, além de um espaço para exposição. Entre os temas abordados durante o evento estão educação, segurança cibernética, hardware livre, iniciação científica e negócios, entre outros.
_____________________Da página PTI
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