A história dos primórdios do futebol praticado por mulheres em nosso País ganhou as páginas do livro “Futebol Feminino no Brasil: Entre Festas, Circos e Subúrbios, Uma História Social (1915-1941)”, escrito pela pesquisadora Aira Bonfim.
Nesse trabalho independente, a autora revela fatos e histórias inéditas sobre o período que antecede os quase 40 anos de proibição do futebol feminino no Brasil, impedindo o seu desenvolvimento no país.
O veto ao futebol feminino em solo brasileiro começou em 1941, durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), quando o então presidente Getúlio Vargas assinou um decreto-lei retirando das mulheres o direito de praticar esportes “incompatíveis com as condições de sua natureza”.
Essa realidade durou até 1979, quando a proibição foi revogada, mas somente em 1983 houve a regulamentação da modalidade no Brasil.
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Aira Bonfim – Foto: divulgação
O livro “Futebol Feminino no Brasil”, de Aira Bonfim, é fruto de um trabalho de pesquisa que originou dissertação de mestrado defendida na FGV-RJ, em 2019, transformada na exposição “Contra-Ataque! As Mulheres do Futebol”, realizada naquele mesmo ano, no Museu do Futebol, em São Paulo.
Com imagens e fontes raras, oriundas de coleções institucionais, jornais e revistas ilustradas do período, a pesquisa apresenta um panorama pouco conhecido sobre o envolvimento de diferentes grupos sociais com a prática do futebol feminino no Brasil.
Festas esportivas, picadeiros circenses e campos suburbanos do Rio de Janeiro mostraram-se ricos espaços na manifestação do lazer das meninas ligado ao fenômeno “football feminino”, como a modalidade era chamada pela linguagem da época.
O livro joga luz sobre mulheres importantes na história da origem do futebol feminino no Brasil, como a primeira-dama e jogadora Jandira Café, além da primeira cronista esportiva do Brasil, Cleo de Galsan, irmã mais velha de Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu, um dos símbolos do movimento modernista no Brasil. Atletas do passado como Jeanne Brulé e Adiragram são outras figuras mencionadas.
A obra também também aborda a passagem pelo Brasil da feminista francesa Alice Milliat, pioneira na busca por igualdade de gênero no esporte, entre outros episódios.
Autora do recém-publicado livro “Futebol Feminino no Brasil”, a pesquisadora campineira Aira F. Bonfim é graduada em Artes Visuais pela Unicamp e Mestre em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro (FGV-RJ).
Historiadora do esporte, Aira Bonfim atuou como técnica pesquisadora no Museu do Futebol, em São Paulo, entre 2011 e 2018, integrando a equipe que implantou o Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB), inaugurado em 2013.
Depois disso, ela foi co-curadora das exposições “Rainhas de Copas” (2023) e “Contra-Ataque! As Mulheres do Futebol” (2019), ambos no Museu do Futebol, em São Paulo, além de “Pioneiras” (2021), na Granja Comary (CBF), no Rio de Janeiro.
Aira Bonfim também foi coordenadora e co-autora da publicação infanto-juvenil “Histórias da Copa América Feminina” (2022), para a CONMEBOL, e do projeto de extensão da PUC-SP de mapeamento do futebol feminino varzeano na Grande São Paulo (2022).
Aira F. Bonfim atua como consultora e produtora para entidades culturais e de preservação do patrimônio, bem como no diálogo entre as pesquisas e a universidade, entidades esportivas e as redes populares de articulação e protagonismo no futebol.
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