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Neste sábado, dia 13, tem Festa Literária das Periferias, na Ladeira do Livramento, no Morro da Providência, região central do Rio de Janeiro. Vários escritores brasileiros são homenageados: Machado de Assis, um símbolo da literatura periférica; Lima Barreto, outro literário negro e periférico, que receberá a homenagem da FLUP junto com a editora Malê, produtora do livro “Quilombo de Lima”, que conta com a participação de 22 autores negros, além da Mãe Beata de Iemanjá, representando as mulheres.
Segundo a Porta voz do evento, Dani Salles, a Flup chega a sua 13ª edição, sem perder sua essência que é levar literatura a territórios tradicionalmente excluídos dos programas literários.
O livro “Quilombo de Lima” foi criado a partir da parceria da FLUP e da editora Malê. E a organização da feira literária reuniu 22 pessoas negras que tiveram a oportunidade de escrever contos a partir de obras de Lima Barreto. Essas participantes tiveram ajuda de um grupo de orientadores para enriquecer ainda mais essa homenagem. Vagner Amaro, criador da Editora, ressaltou a importância que Lima Barreto tem perante a Literatura Brasileira.
A programação da feira conta com atividades para todas as idades. O pontapé inicial será dado por um cortejo do Afoxé Filhos de Gandhi, que sairá do Cais do Valongo, Patrimônio Mundial da Humanidade e do centro da região conhecida como Pequena África. Nomes como Gilberto Gil, Haroldo Costa e Eliana Alves Cruz já estão confirmados nas mesas de debate. O encerramento terá show da sambista Leci Brandão.
O 13 de maio tem uma forte carga simbólica. É o dia de nascimento de Lima Barreto, o dia da dita Abolição da Escravatura, dia dos Pretos e Pretas-velhas da Umbanda e ainda, desta vez, véspera do Dia das Mães.
“Vamos fazer esta celebração para evocar os pretos e pretas-velhas ancestrais, pedindo licença para incluir Lima e Machado, e festejar também os mais velhos e mais velhas que com sua obra e genialidade continuam hoje a nos ensinar o que é o Brasil”, destaca Julio Ludemir, diretor-fundador da Flup.
Com o lançamento do livro Quilombo do Lima, a Flup se despede das comemorações pelos 100 anos de modernismo negro de 2022 para trazer em sua 13º edição o tema Mundo da palavra, palavra do mundo, representados por Machado de Assis e Mãe Beata de Iemanjá.
Machado de Assis, fundador da Academia Brasileira de Letras, um dos principais expoentes do nosso cânone literário, foi embranquecido pelas elites intelectuais e, na Flup 23, chega como “mundo da palavra”, preto-velho da literatura e cria da Ladeira do Livramento, região da Providência, encruzilhada que é também berço do samba, da favela, da literatura e cultura diaspórica e oral afro brasileiras.
Mãe Beata de Iemanjá, sacerdotisa de um sagrado “sem bíblia” é a “palavra do mundo” na Flup 23. A Iyalorixá, que também era escritora, mostrou com sua história de vida e sabedoria os frutos das trocas culturais entre Bahia e Rio de Janeiro. Sua atuação foi para além dos muros do terreiro de Candomblé Ilê Axé Omiojuarô, em Miguel Couto, na Baixada Fluminense, e teve forte influência na luta pelos direitos humanos, sobretudo nas questões raciais, de gênero e LGBTQIA+.
“Com Mãe Beata, a Flup quer chamar atenção para a força da cultura oral afrobrasileira, que se desdobra em outras escritas e literaturas e chega até aos slams, a poesia falada. Com Mãe Beata, queremos dar a importância devida ao modo como iyalorixás e babalorixás passam conhecimento e sabedoria para seus filhos e filhas”, explica Daniele Salles, porta-voz da Flup.
Mais de vinte Iyalorixás, herdeiras de Mãe Beata, vão se reunir na Flup para relembrar a trajetória da matriarca e reverenciar o seu legado, que fortalece a cultura da oralidade como escrita ancestral para perpetuar saberes literários, sociais e políticos.
Serviço Flup 23 – Mundo da palavra, palavra do mundo
Data: 13 de maio de 2023 Local: Arena Samol – Rua Costa Barros, 34 (Ladeira do Livramento) Entrada gratuita Siga a Flup: @fluprj
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