Com 12 faixas, o disco reverencia a ancestralidade, a amizade, a justiça e a esperança em um repertório que abraça os maiores ídolos de Vinicius e que também foram seus amigos e parceiros: Pixinguinha, Toquinho, Chico Buarque, Edu Lobo, Carlos e Baden Powell: “E também os que se encantaram, como meu pai, Pedro de Moraes, os mestres Gal Costa, João Gilberto, Miúcha, José Celso Martinez Corrêa e João Donato, que assina os arranjos. Talvez tenha sido o último e o primeiro trabalho em muito tempo que o Donato fez para outra pessoa além dele mesmo. Quanta sorte tê-lo conosco!”, complementa Mariana.

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Vinicius de Mariana também comemora o presente, aplaudindo os 79 anos de Chico Buarque e os 82 anos do percussionista Robertinho Silva, que participam do disco, e os 90 anos recém completados de Carlos Lyra, parceiro de Vinicius em “Maria Moita”, música de denúncia à opressão feminina histórica (“Meu pai dormia em cama/ Minha mãe no pisador”) e clama pela justiça social (“O rico acorda tarde, já começa resingar / O pobre acorda cedo, já começa trabalhar” e o futuro, com a participação de um coro íntimo e ancestral, como detalha Mariana: “São sete mulheres do meu coração: Camila Pitanga, Luciana Alves, Jussara Silveira, Mart’nália, Maria Luíza, minha filha, Antônia, minha filha postiça, filha de Camila Pitanga, Clara Buarque e mais as ancestralidades de Vinicius, Martinho da Vila, Antônio Pitanga, Chico Buarque e de todas…”.
Maria Luiza e Antônia Pitanga também participam de “Eu não existo sem você”, célebre parceria com Tom Jobim, que tem em sua introdução um trecho da fala de Tom Jobim no documentário Vinicius de Moraes – Um rapaz de família (1983) e ainda inserções de barulhos de bebê por Rara Bernardes Jeneci, filha do músico Marcelo Jeneci, que participa tocando sanfona. Também participam dos coros: Nina Becker, Joana Queiroz, Nina Wirtti, Aurora Alves (filha de Lu Alves e Guto Wirtti e neta do Maestro Zé Pitoco) e Luisa Moraes.
Os arranjos de João Donato e Guto Wirtti evocam heranças de Brasis negros que forjaram essa filosofia e musicalidade: o terreiro e a Tabajara, a Rumpilezz e Moacir Santos, Pixinguinha e o samba-de-roda”. “Canto de Xangô” chega com a saudação em yorubá de Mariana. Sopros e atabaques costuram o terreiro camerístico para o canto de Zé Manoel e Clara Buarque a afirmar: “Eu sou negro de cor/ Mas tudo é só amor em mim”, “Mas amar é sofrer/ Amar é morrer de dor/ Xangô meu senhor, saravá/ Me faça sofrer/ Ah, me faça de morrer/ Mas me faça morrer de amar”.

Capa do álbum ‘Vinicius de Mariana’, neta e avô – Foto: reprodução

“Vinicius de Mariana” foi concebido e produzido durante a pandemia de Covid-19, período difícil para todo o mundo e para nosso país, em particular. Nesse contexto, ouvir o disco pode causar uma sensação de “saudades do Brasil”. Esperamos que o sentimento não seja apenas nostálgico, mas que estimule a valorização de nossas culturas brasileiras, que permanecem riquíssimas e que seguem inspirando novos artistas, assim como inspiraram um de nossos mais geniais poetas, digno desta e de outras tantas homenagens”, completa Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.

Sobre o Selo Sesc

Desde 2004 o Selo Sesc traz a público obras que revelam a diversidade e a amplitude da produção artística brasileira, tanto em obras contemporâneas quanto naquelas que repercutem a memória cultural, estabelecendo diálogos entre a inovação e o histórico. Em catálogo, constam álbuns em formatos físico e digital que vão de registros folclóricos às realizações atuais da música de concerto, passando pelas vertentes da música popular e projetos especiais. Entre as obras audiovisuais em DVD, destacam-se a convergência de linguagens e a abordagem de diferentes aspectos da música, da literatura, da dança e das artes visuais. Os títulos estão disponíveis nas principais plataformas de áudio, Sesc Digital e Lojas Sesc.

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Fonte: Revista Prosa Verso e Arte