No festival, haverá um tributo para a diretora libanesa Jocelyne Saab, ex-repórter de guerra que realizou dezenas de filmes ao longo de sua carreira, e uma homenagem para a diretora tunisiana Moufida Tlatli, a primeira mulher árabe a dirigir um longa-metragem. Neste ano, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) promove a edição 100% online e gratuita.
De 19 de maio até 27 de junho, a 2ª edição da Mostra de Cinema Árabe Feminino, promovida pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), acontece online e com acesso totalmente gratuito. A programação conta com mais de 40 filmes de diversos formatos e gêneros. São curtas, médias e longas-metragens de ficção e documentários que trazem à tona a multiplicidade das cinematografias árabes através de filmes realizados por mulheres em países como Egito, Líbano, Palestina, Sudão, entre outros.
Os temas abordados na tela incluem questões políticas, críticas sociais, conflitos familiares, utopias, amizades e masculinidades.
“Êxodo Espacial” e “In Vitro”, dois dos filmes de ficção científica da palestina Larissa Sansour (fotos: divulgação)
Jocelyne Saab, diretora libanesa. Ex-repórter de guerra que faleceu em 2019 (Foto: divulgação)
Com curadoria das brasileiras Analu Bambirra e Carol Almeida e da egípcia Alia Ayman, a programação inclui também debates, mesas redondas e uma masterclass com a diretora palestina Larissa Sansour, conhecida por suas obras de ficção científica. Haverá também um tributo à diretora libanesa Jocelyne Saab, ex-repórter de guerra que realizou dezenas de filmes ao longo de sua carreira e faleceu em 2019.
Outra homenagem é para a diretora tunisiana Moufida Tlatli, autora de “Os Silêncios do Palácio”, primeiro longa-metragem dirigido por uma mulher árabe. Ela morreu em fevereiro deste ano, vítima da Covid-19.
Lançado em 1994, “Os Silêncios do Palácio” investiga questões de gênero, classe e sexualidade no mundo árabe através da vida de duas gerações de mulheres. Na trama, Alia é a filha de uma bela serva do palácio do Rei, durante a colonização francesa da Tunísia. Já adulta, ela recebe a notícia de que o príncipe morreu e resolve largar o marido para retornar ao palácio onde cresceu. Lá, Alia relembra toda violência que ela e a mãe sofreram, enquanto tenta reconstruir sua relação com Sarra, a filha do príncipe, com quem viveu um amor proibido.
A tunisiana Moufida Tlatli foi a primeira mulher árabe a dirigir um longa-metragem (Foto: divulgação)
Nascida em Sidi Bou Said em 1947, Tlatli estudou cinema em Paris nos anos de 1960. Quando retornou à Tunísia, trabalhou como montadora em dezenas de filmes, incluindo “Aziza” (1980), de Abdellatif Ben Ammar, e “Andarilho do Deserto” (1984), de Nacer Khemir. Sua estreia na direção foi justamente com “Os Silêncios do Palácio”, lançado em 1994 e selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Depois de receber uma menção especial no evento francês, o longa também ganhou o Prêmio da Crítica Internacional em Toronto.
Tlatli também escreveu e dirigiu mais dois longas: “Tempo de Espera” (2000), selecionado para a mostra Um Certo Olhar de Cannes, e “Nadia et Sarra” (2004). A diretora foi ainda ministra da Cultura da Tunísia por um breve período, no governo de transição montado após à queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali, em 2011.
Entre os 27 filmes inéditos em exibição na 2ª Mostra de Cinema Árabe Feminino, destacam-se “Escritório de Espera”, “Barbès” e “Portão de Ceuta”, dirigidos pela marroquina Randa Maroufi, que participará de um debate sobre as produções; “Quando Coisas Acontecem” (Palestina/Reino Unido), de Oraib Toukan; “O Protesto Silencioso: Jerusalém 1929” (Palestina), com direção de Mahasen Nasser Eldin e “Você Já Matou Um Urso – ou Tornando-se Jamila” (Líbano), dirigido por Marwa Arsanios.
“A mostra faz um panorama da produção árabe e reúne filmes de ficção, experimentais, documentários e obras performáticas. Os filmes abordam as mais diversas questões e, entre os temas recorrentes, observamos a retratação de futuros possíveis e também o questionamento de universos expandidos, de existências possíveis no mundo de hoje”, diz a curadora Analu Bambirra.
Os filmes podem ser vistos no site www.cinemaarabefeminino.com. Os debates ao vivo acontecem no canal da mostra no YouTube. CLIQUE, AQUI.
Cinematório / Com informações da assessoria de imprensa do CCBB.
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