Pelo fim da violência e do feminicídio e por direitos iguais, a Marcha das Mulheres em Foz do Iguaçu, nessa quinta-feira, 14, reuniu cerca de 1.500 participantes, conforme a organização. A concentração foi no Bosque Guarani, seguida de passeata pela Avenida Brasil até a Praça da Paz.
A Marcha das Mulheres em Foz do Iguaçu estava prevista para acontecer em 8 de março, no Dia Internacional da Mulher. Devido às condições climáticas, o movimento foi transferido para o dia 14.
Representantes dos 30 coletivos e instituições que organizaram a mobilização se revezaram em falas durante a passeata e no ato público ao final da marcha. No percurso, foram lembradas dezenas de mulheres vítimas de violência e feminicídio.
A Marcha das Mulheres em Foz homenageou a vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro (RJ), executada em 14 de março de 2018. No dia em que se completou um ano do assassinato da parlamentar, o movimento exigiu a identificação e punição de quem mandou matar Marielle.
A pauta da marcha incluiu a defesa da igualdade salarial, trabalho decente, direitos trabalhistas e aposentadoria. Ao microfone, várias denúncias sobre os prejuízos da eventual aprovação da reforma da Previdência para as mulheres, que aumentaria o tempo de trabalho e de contribuição para se obter o benefício previdenciário.
Para Kiara Heck, coordenadora do Centro de Referência em Atendimento à Mulher, uma das instituições promotoras da marcha, o ato público contribuiu para a conscientização da sociedade para o enfrentamento à violência contra a mulher.
“A marcha eleva a consciência coletiva. Também notamos que as mulheres acompanhadas pelo CRAM se sentem mais encorajadas e acolhidas para o atendimento, que abrange fortalecimento da autoestima, o desenvolvimento da autonomia e a emancipação”, explicou Kiara.
A pedagoga Cátia Castro, presidenta da APP-Sindicato/Foz, entidade que participa da organização da Marcha das Mulheres, lembrou que somente em 2018 ocorreram três feminicídios em Foz. Além do combate à violência, ela destacou a oposição à reforma da Previdência.
“Nós, mulheres, temos muito a perder com a reforma da Previdência. As professoras, por exemplo, serão as mais atingidas e perderão direitos adquiridos historicamente”, apontou Cátia. “Para uma mulher se aposentar com 100% do benefício, vai ser preciso trabalhar 40 anos.”
Para Gyulia Alves, 16 anos, estudante do ensino médio, a marcha foi um momento de união. “Minha luta é a de uma mulher jovem e negra em busca dos lugares que ainda temos a conquistar”, frisou. “O mundo não pode continuar sendo um lugar perigoso para as mulheres.”
Artesã de 33 anos, Aline Brol disse que a Marcha das Mulheres é um espaço de acolhimento e afeto. “A marcha é um momento que representa a nossa atuação diária e nosso desejo de reconhecimento, de sermos vistas e ouvidas. Queremos equilibrar as energias, materiais e físicas, entre homens e mulheres”, refletiu.
_______________________________Paulo Bogler / Fotos: Marcos Labanca (H2Foz)
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