Arte sobre banner do lançamento do kit
Após dois anos de trabalho envolvendo pesquisadores, educadores e lideranças de comunidades de matriz africana, o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP está lançando seu primeiro Kit Educativo Africano e Afro-brasileiro. O kit contém recursos pedagógicos para contribuir com os professores na aplicação em sala de aula das leis 10.639 e 11.645, que tornaram obrigatório o ensino de história e cultura da África, dos afrodescendentes e dos povos indígenas nas escolas brasileiras.
Os dois eventos de lançamento do kit, em atividades no MAE e no Terreiro de Candomblé Kongo Angola Inzo Tumbansi, em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo, contou com a presença de instituições e pessoas envolvidas no projeto. Incluindo a liderança religiosa do terreiro Inzo Tumbansi, Tata Katuvanjesi, pesquisadores negros e profissionais do MAE, do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo e Núcleo de Educação para as Relações Étnico–Raciais da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
A versão digital da publicação já está disponível no Portal de Livros Abertos da USP,
Encontros do grupo de trabalho levaram à seleção de dez objetos disparadores de saberes. Foto Cecília Bastos/USP Imagens
“O objetivo é evidenciar os espaços do terreiro como locais patrimoniais da cultura afro-brasileira e também como guardião das filosofias africanas, que contribuem para o combate do racismo religioso e do racismo presente na sociedade de forma geral”, afirma o educador Maurício André da Silva, sobre a importância de realizar o evento no terreiro de candomblé. Maurício foi um dos profissionais do MAE envolvidos na coordenação do projeto para a produção do novo kit educativo.
As atividades são abertas a todas as pessoas interessadas, sobretudo profissionais de educação. Para participar, é preciso fazer inscrição por meio de um formulário on-line. O lançamento será uma oportunidade para conhecer o conteúdo do Kit Educativo Africano e Afro-brasileiro e o processo de trabalho adotado pela equipe do projeto.
Novo kit contém conjunto de objetos disparadores e outros materiais para uso em sala de aula. Foto Cecília Bastos/USP Imagens
A elaboração do material envolveu um trabalho colaborativo entre as equipes das instituições participantes do projeto e profissionais da arqueologia, da educação museal e da divulgação científica. Ao longo dos dois anos de trabalho, foram realizadas dezenas de encontros, reuniões e vivências para a construção participativa do kit, o que permitiu trazer para o projeto noções diversas a respeito da cultura material e imaterial africana e afro-brasileira.
O resultado dessa construção participativa foi chegar a um conjunto de dez objetos disparadores de saberes, com o objetivo de combater o racismo cotidiano e evidenciar a potência dos conhecimentos africanos e afro-brasileiros. Esses objetos fazem parte do kit, junto com uma publicação, três mapas em tecido, material acessível e um livro em braille. O kit poderá ser emprestado para instituições de ensino.
Colaboração entre profissionais e lideranças religiosas envolveu dezenas de encontros e vivências. Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O projeto do Kit Educativo Africano e Afro-brasileiro foi produzido com apoio financeiro por meio de um edital de 2022 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), na linha “Divulgação científica e educação museal em espaços científico-culturais”.
Kits educativos desenvolvidos no MAE e que podem ser solicitados para empréstimo – Fotos: Ader Gotardo/MAE USP
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.