O edifício do Museu de Arte de Londrina é o primeiro bem do Norte Novo do estado a ser tombado como Patrimônio Cultural do Brasil. Foto: Emerson Dias – N.Com/PML
Na manhã desta quarta-feira (19), o edifício do Museu de Arte de Londrina – antiga Rodoviária da cidade – foi tombado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Aprovada pelos 22 membros do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, de forma unânime, a medida foi votada através de reunião virtual. Com isso, a construção será inscrita no Livro do Tombo das Belas Artes, concluindo um processo iniciado em 2011, por iniciativa da superintendência do Iphan no Paraná.
Foto: Emerson Dias com arte do IPHAN
Reconhecida como Patrimônio Estadual do Paraná desde 1974, a antiga Rodoviária é o primeiro bem localizado na região do Norte Novo a ser tombado nacionalmente. Portanto, o edifício e sua área de entorno passam a gozar de proteção nacional, sendo que eventuais intervenções no local devem ser previamente autorizadas pelo Iphan. A responsabilidade pela conservação, uso e gestão continua sendo do proprietário, no caso, a Prefeitura de Londrina. Isso vale para qualquer bem tombado, seja de uso público ou privado.
Em 2020, o Município realizou uma série de intervenções no Museu de Arte, tendo executado reparos no telhado e esquadrias; pintura completa; adequação dos equipamentos de segurança; revitalização do piso externo e calçada; substituição total de vidros; colocação de novos corrimãos e guarda-corpos; e impermeabilização de coberturas, muros e paredes, entre outras ações. O investimento nesses trabalhos foi de R$ 1,2 milhão, com recursos próprios da Prefeitura. As intervenções fazem parte do projeto de restauro contratado, em 2010, junto à empresa ArquiBrasil Arquitetura e Restauração.
O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati ficou muito contente com a aprovação pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan. “É uma notícia histórica. Este local, a antiga Rodoviária, foi o primeiro chão pisado por muitos que vieram para a nossa cidade. Parabéns a todos que lutaram por esta conquista, estou muito feliz por participar dela”, disse o prefeito.
Secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini. Foto: Emerson Dias
O secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, afirmou que o reconhecimento do Museu de Arte como Patrimônio Cultural Nacional garantirá que as futuras gerações de londrinenses conheçam, vivenciem e se inspirem na história da cidade. “Parabenizo aos servidores envolvidos nessa ação e a todos os que lutam pelo patrimônio histórico de Londrina. A conclusão desse processo é uma grande vitória, depois de 11 anos de trâmites. Com essa conquista, asseguramos a proteção de uma parte importante da memória da nossa cidade que, apesar de ainda não ter feito cem anos, conta com uma história arrojada e riquíssima”, pontuou.
A diretora de Patrimônio Histórico-Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Solange Batigliana, destacou a importância do tombamento para a preservação da memória e reconhecimento do acervo existente em cidades brasileiras novas. “De maneira geral, os bens tombados pelo Iphan costumam estar em cidades litorâneas do Brasil, ou em municípios fundados nos séculos 16 e 17. O tombamento do Museu de Arte de Londrina é muito significativo por se tratar de uma obra localizada no interior novo. Além disso, essa é a primeira obra de Artigas a ser tombada nacionalmente, ajudando a preservar o legado de um grande expoente do modernismo, contemporâneo de Oscar Niemeyer. Por essas razões, hoje é um dia histórico para Londrina e o Paraná”, disse.
Foto: Emerson Dias
Histórico – O edifício do Museu de Arte de Londrina é um dos mais valiosos bens e símbolos culturais da cidade, e representa um marco da arquitetura modernista no Paraná. Projetada em 1948, pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, a antiga Rodoviária de Londrina foi inaugurada em 1952. Sua utilização como terminal interurbano e interestadual de ônibus ocorreu até 1988, quando foi substituída nessa função pela atual Rodoviária. Desde 1993, o prédio sedia o Museu de Arte de Londrina.
No que tange às suas características arquitetônicas, a presença de um conjunto de sete cascas de concreto armado em forma de abóbada, onde antes funcionava o embarque e desembarque, é um dos aspectos mais marcantes da edificação. O contraste entre linhas curvas e retas e a transparência da fachada em vidro, entre outras características da obra, mostram que a intenção foi elaborar bem mais que um abrigo de ônibus: a construção pode ser considerada um símbolo do desenvolvimento e da modernidade.
Além do edifício do Museu, Londrina possui outras cinco obras projetadas por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, construídas entre 1948 e 1955: Cine Ouro Verde, Edifício Autolon, Casa da Criança, vestiários do Londrina Country Club e a casa do prefeito Milton Menezes. Assim como a Antiga Rodoviária, o edifício onde funcionava a Casa da Criança é de propriedade da Prefeitura, abrigando hoje a sede da Secretaria Municipal de Cultura e a Biblioteca Infantil de Londrina.
Do blog Londrina /Texto: Ulisses Sawczuk
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