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Foto: atual sede do Museu do Índio, na rua das Palmeiras (RJ)
Para comemorar os 70 anos, o Museu lançará uma série de exposições virtuais na página da instituição na plataforma Google Arts & Culture. A primeira delas vai ao ar na programação da 21ª Semana Nacional de Museus, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus, que neste ano acontece entre os dias 15 e 21 de maio. Intitulada “Hetohokỹ – a festa da Casa Grande do povo Iny”, a exposição narra o ritual do povo Karajá que marca a passagem dos meninos ariranha (jyrè) para o círculo de convivência dos homens adultos.
Outra perspectiva de mudança será no nome da instituição, que, em breve, deixará de se chamar Museu do Índio e passará a ser denominada “Museu dos Povos Indígenas”, assim como ocorreu com a Fundação Nacional do Índio que, em 1º de janeiro deste ano, passou a se chamar Fundação Nacional dos Povos Indígenas.
Acompanhe o trabalho do MI de forma remota em gov.br/museudoindio. .
Responsável pela política de preservação e divulgação do patrimônio cultural dos povos indígenas no Brasil, o MI tem sob sua guarda um significativo conjunto de bens culturais de natureza arquivística, museológica e bibliográfica sobre esses povos.
O acervo etnográfico da instituição reúne mais de 20 mil objetos contemporâneos que são expressões da cultura material de 150 povos indígenas brasileiros. Suas origens remontam à década de 1940 e se estendem à atualidade, tendo em vista a crescente participação indígena nos processos para salvaguarda do patrimônio cultural e a constante incorporação de novas coleções obtidas diretamente junto a comunidades de todo o país.
Wajãpi visitando a exposição “Tempo e Espaço na Amazônia: os Wajãpi” – Foto: acervo MI
. Já o acervo arquivístico abrange conjuntos documentais de pesquisadores e fundos arquivísticos relativos à ação indigenista do Estado brasileiro desde o início do século XX, como o Fundo do Serviço de Proteção aos Índios (1910-1967), um dos dez acervos documentais brasileiros nominados no Registro Nacional do Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Por fim, o acervo bibliográfico é composto de coleções especializadas nas áreas de etnologia indígena, antropologia e política indigenista, incluindo obras raras e outras editadas pelo próprio Museu.
No campo da investigação científica, o MI é uma referência nacional em pesquisas antropológicas e linguísticas sobre os povos indígenas brasileiros, atuando em conjunto com pesquisadores, universidades e outras instituições científico-culturais com vistas à preservação e divulgação de informações qualificadas acerca de seu patrimônio cultural.
Mais do que abrigar acervos de grande relevância histórica e etnográfica, o Museu conserva, pesquisa, documenta e promove o patrimônio cultural dos povos indígenas, o que lhe exige uma atuação integrada do ponto de vista das etapas da preservação e de divulgação, especialmente junto ao público escolar.
História
Foto: Primeira sede do Museu do Índio, na rua Mata Machado, no bairro Maracanã (RJ)
Inicialmente instalado em um prédio localizado na rua Mata Machado, no bairro Maracanã (RJ), o MI foi transferido, em 1978, para o casarão no bairro Botafogo, onde está localizado até hoje. A criação do MI foi um processo gestado dentro do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), que mais tarde se tornaria a Funai, a partir da necessidade de se empreender estudos locais sobre os povos indígenas para a implementação de políticas públicas.
O objetivo da criação do MI foi não somente apresentar e comunicar as realidades dos Povos Indígenas brasileiros e de suas produções de cultura material, mas desfazer os estigmas que permeiam o imaginário popular a respeito desses povos.
Com o passar dos anos, o objetivo inicial do órgão se tornou a sua missão e acompanhou a história da instituição, mudando o discurso político e social de como enxergar e retratar os povos indígenas dentro dos museus.
Foto: vitrine do Museu do Índio (1953)
O MI também desempenhou papel primordial no desenvolvimento da Antropologia e da Museologia no Brasil e no trato da política indigenista nacional, constituindo-se como o primeiro museu de caráter inteiramente etnográfico do país, criado e mantido nos órgãos indigenistas oficiais do Estado brasileiro.
Embora inspirado nos modelos de museus franceses, como o Museu do Homem, de Paris, as abordagens do MI reservam particularidades e diferenças tanto em relação à forma como os povos indígenas eram representados, quanto em termos de metodologia científica, produzindo algumas inovações. Enquanto o objetivo desses museus, construídos como locais de produção de conhecimento científico, seria o de criar suas coleções etnográficas em uma lógica classificatória e até certo momento evolucionista, o MI surge dentro da estrutura do órgão indigenista do Estado brasileiro tendo como missão não apenas o colecionismo, mas, sobretudo, combater preconceitos.
Esse entendimento moderno de museu, aberto ao público, com um trabalho museológico e museal profissional, seria concretizado pela articulação e esforço do antropólogo Darcy Ribeiro, que viria a ser o primeiro diretor do MI e o responsável por construir a linguagem expositiva de museu etnográfico que define a trajetória do órgão.
Primeira exposição
A primeira exposição inaugurada pelo Museu do Índio, em 1954, contou com objetos de indígenas xinguanos, e dos povos Kadiwéu, Terena, Bororo e Karajá, organizados em três salas de exposições do casarão localizado à Rua Mata Machado, no bairro do Maracanã.
Na primeira das salas, havia um gigantesco painel, dominando toda a parede dos fundos onde foram colocadas as máscaras usadas nas celebrações dos ritos de vários povos. No mesmo painel, foi colocado uma vitrine onde foram expostas esculturas moldadas por mulheres Karajá. Nas paredes, foram apresentados documentários fotográficos de usos e costumes dos indígenas do Brasil Central. No salão principal, foram expostas coleções de redes indígenas, bordadas com penas de aves, e também a reprodução de cenas interiores das malocas e objetos de cerâmica.
Segundo matéria publicada à época pelo Diário de Notícias, “todo o andar de um velho prédio, pertencente ao Ministério da Agricultura, foi remodelado pelo arquiteto Aldary Toledo para servir a um dos mais interessantes museus que nossa cidade possuirá para nosso país: o Museu do Índio”.
Outras unidades
Além da unidade principal, no Rio de Janeiro, o Museu conta com unidades descentralizadas voltadas à capacitação de indígenas em audiovisual e divulgação das culturas dos povos do Centro-Oeste.
O Centro Audiovisual, localizado em Goiânia (GO), visa contribuir para a formação de indígenas na produção, edição e finalização de produtos audiovisuais sobre suas atividades e práticas culturais, com objetivo de registro e documentação das expressões indígenas contemporâneas.
Já em Cuiabá (MT), o Centro Cultural Ikuiapá (CCI) desenvolve ações de promoção do patrimônio material e imaterial das sociedades indígenas do Centro-Oeste, realizando atividades relativas à preservação, pesquisa e divulgação dos acervos sob sua responsabilidade, além de capacitar representantes dos povos indígenas em técnicas de documentação cultural.
Atenção: as sedes do Museu do Índio estão fechadas temporariamente. Acompanhe o trabalho do MI em gov.br/museudoindio.
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