.
. Como parte das comemorações do ao Abril Indígena 2023, o Museu do Índio, órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em parceria com o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), lançou, nesta terça-feira (18) o vídeo Conversando com as estrelas Worecü. A iniciativa faz farte de uma série de três vídeos produzidos a partir de estudos da cultura estelar do povo Tikuna e considera que as culturas indígenas devem ser reconhecidas e valorizadas, devendo ser resguardado o direito de cada povo manter uma visão do céu singular.
A cultura estelar Tikuna também pode ser acompanhada por um programa computacional denominado Stellarium, de desenvolvimento público, disponível desde dezembro de 2022. O programa disponibiliza a cultura estelar Tikuna a partir da projeção visual das constelações indígenas no céu, em pesquisa realizada com os próprios indígenas, que produziram gravuras identificando as constelações que viam no céu.
Os padrões reconhecíveis de estrelas no céu noturno, denominados asterismos, que foram reproduzidos são a narrativa da briga da Onça e do Tamanduá, que ocorre durante a estiagem e a subsequente subida ao céu das constelações da Tartaruga, da Queixada de Jacaré e da Perna da Onça, que anuncia a chegada da estação chuvosa.
As constelações apontadas pelos indígenas foram ancoradas com a colaboração dos astrônomos Fernando Vieira, do Planetário da Cidade do Rio de Janeiro; Rundsthen Nader, do Observatório do Valongo; Walmir Cardoso, da Universidade Fedral do Rio de Janeiro (UFRJ); e Márcio D’Olne Campos, da Universidade de Campinas (UNICAMP). O projeto também contou com a participação ativa de pesquisadora do MAST, Priscila Faulhaber.
Confira os três vídeoas do projeto: .
Neste vídeo, embarque em uma viagem pelo céu noturno que os indígenas Tikuna observavam e descubra suas culturas estelares. O vídeo explora a importância do céu noturno na cultura dos Tikuna e apresenta o ritual de puberdade feminina, no qual as estrelas Worecü, também conhecidas como “filhos da lua”, se aproximavam no céu. Por meio dos mitos contados pelos indígenas Tikuna, o espectador aprende como eles interpretavam e incorporavam esses eventos celestes em suas práticas culturais, revelando a relação única entre a cultura e o cosmos. Este vídeo é uma oportunidade fascinante para aprender sobre as culturas indígenas e a relação entre o céu e a cultura. . Realização: Iago Lopes Soares Dias (Observatório do Valongo/PIBIC/MAST) e Priscila Faulhaber (MAST)
Este vídeo correlaciona a cultura estelar Tikuna com as manifestações culturais deste povo, destacando o ritual de puberdade feminina Tikuna. Inicia com cantos de anciãos registrados em 2002 e interpretados pela cantora Djuena Tikuna. O fio da narração é conduzido pela fala do ancião Jordão Arapasso, traduzida para o português pelos próprios Tikuna. São empregados, no vídeo, ícones correspondentes aos planetas e à constelação periquitos no paneiro, como exercício de interpretação ainda não integrado ao Stellarium.
Realização: Heitor Martins (mestrando em antropologia no Museu Nacional/UFRJ) e Priscila Faulhaber (MAST)
Este vídeo detalha a interpretação do relato sobre o céu de Jordão Arapasso, correlacionando sua narrativa com o nascer helíaco da constelação Baweta e correlacionando as constelações sazonais com asterismos significativos para a cultura Tikuna, como o Cruzeiro do Sul, que lhes serve como orientação espacial.
Realização: Otávio Maia (estudante de astronomia do Observatório do Valongo), Priscila Faulhaber (MAST) e Júlia Botelho (PCI/MAST)
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.