Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) sediará nesta sexta-feira, 23 de maio, a palestra “Nas trilhas da Marcha Invicta: 100 anos de luta pela terra no Brasil”, com a presença de João Pedro Stédile, um dos principais líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O evento integra as celebrações do centenário da passagem por Foz do Iguaçu da Coluna Prestes. O evento ocorrerá no Auditório Martina do campus Jardim Universitário às 19 horas, com entrada livre para o público em geral.
A passagem da Coluna Prestes, que percorreu aproximadamente 25 mil quilômetros entre 1925 e 1927, é reconhecida como um marco de resistência às oligarquias da Primeira República. Os militares, liderados por Luiz Carlos Prestes e Miguel Costa, é um símbolo da defesa por justiça social e direitos fundamentais, incluindo o voto secreto, o ensino público obrigatório e a reforma agrária. A pertinência dessas bandeiras permanece evidente, especialmente diante das crises socioeconômicas que o Brasil enfrenta atualmente.
O professor José Renato Martins, um dos organizadores do evento, pontuou a atualidade das discussões. “Agora acrescidas da crise climática, da miséria das periferias urbanas, do extermínio da população negra, da violência contra as mulheres e a ascensão de múltiplas intolerâncias. A chama, portanto, ainda arde”, afirmou.
A palestra de Stédile não apenas propõe uma reflexão sobre a história brasileira, mas também representa um chamado à mobilização em favor da reforma agrária e da justiça social. Com sua vasta experiência de luta e engajamento, Stédile trará uma perspectiva aprofundada sobre o legado da Coluna Prestes e sua influência na política contemporânea.
Natural de uma família de pequenos agricultores, Stédile possui uma trajetória marcada pelo ativismo social e pela formação acadêmica em Economia. Ele é um dos fundadores do MST e tem contribuído significativamente para o debate sobre a reforma agrária no Brasil e na América Latina.
A participação de Stédile neste evento reflete a importância de revisitar as lutas do passado para inspirar ações no presente, conectando a memória histórica à persistência das demandas sociais.
Oriundo de uma família de pequenos agricultores descendentes de italianos, João Pedro Stédile consolidou-se como um dos mais proeminentes dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ele é formado em Economia pela PUC do Rio Grande do Sul e possui pós-graduação pela Universidade Nacional do México (UNAM), onde teve contato com Ruy Mauro Marini, figura central na teoria da dependência. Com ligações a setores progressistas da Igreja Católica, Stédile foi seminarista e assessorou a Comissão Pastoral da Terra no Rio Grande do Sul. Ele também atuou na Secretaria de Agricultura de seu estado natal.
Stédile é um dos fundadores e membro da direção nacional do MST, além de participar de organizações continentais latino-americanas, como a CLOC, e internacionais, como a Vía Campesina. Ao lado dele, outros nomes como Gilmar Mauro, Walter Assunção, Enio Bonemberger e José Rainha compuseram a direção nacional do MST. Ele é autor de livros como “Brava gente: a trajetória do MST e a luta pela terra no Brasil” (1999), em colaboração com Bernardo Mançano Fernandes; “Assentamentos: uma resposta econômica da reforma agrária” (1986); e “Luta pela terra no Brasil” (1993) – esses dois últimos em coautoria com Frei Sérgio Görgen.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.