O “Mano de Mujeres, Mirada Femenina en la creación Musical”, projeto de extensão e pesquisa da Unila, promove nesta terça-feira (15) sua primeira roda de conversa e leitura. A atividade é aberta a interessadas e interessados sobre “Mulheres na Música” e está marcada para começar às 18 horas, no Miniauditório Sahyan Antillanca, do campus Jardim Universitário, em Foz do Iguaçu.
O projeto coordenado pela professora doutora Bia Cyrino, do curso de Música, é fruto de um convênio da Universidade Federal da Integração Latino-Americana com a Fundação Araucária, através do edital “Mulheres Paranaenses”. Ele prevê ações de extensão conjugada a um projeto de pesquisa sobre a cena musical feminina em Foz do Iguaçu.
O objetivo central é “refletir, discutir e conscientizar sobre os dilemas da mulher dentro do campo musical: Preconceitos de gênero, poder e domínio do corpo feminino, performance da mulher no palco, estereótipos de feminilidade e formas de resistência e transgressão”, explica Bia Cyrino.
Como primeiros passos, “Mano de Mujeres” está desenvolvendo aproximação do público através de “rodas de conversa” e “de leitura”, o que acontece quinzenalmente. Além de Cyrino, os trabalhos são desenvolvidos com a participação das estudantes bolsistas Angeles Reyes (de pesquisa) e Marina Araldi (de extensão). Além das rodas de conversas e do grupo de leitura, também estão previstas oficinas de criação musical, percussão corporal e concertos com repertório composto/escrito por mulheres. O calendário desta segunda etapa ainda esta sendo elaborado. A duração prevista do projeto é até o final de 2024.
O período de vigência inicial do projeto não é longo, se olharmos para os pontos elencados pela sua coordenação para serem pesquisados e desenvolvidos. Para alcançá-los, o primeiro desafio é reunir. “Temos um perfil no instagram (@mulheresnamusicaunila) para informar sobre nossas atividades. Quem quiser ser adicionado no grupo de whatsapp pode enviar uma mensagem no direct com o número de telefone”, convida a coordenadora.
Em pauta, uma verdadeira imersão no cenário cultural da fronteira. E as palavras que emolduram a proposta do trabalho pautado em música e gênero são mapear, conhecer, compreender, reconhecer e valorizar diversidades, criar elos, lutar por espaço e visibilidade. Em resumo, produzir um conhecimento conceitual e uma capacidade organizativa capazes de servir a instrumentistas e compositoras da fronteira trinacional.
No corpo do projeto oficial estão determinados pontos ambiciosos a serem atingidos: – Mapear a produção musical feminina da cidade de Foz do Iguaçu – profissionais que atuaram ou atuam no campo musical como professoras, regentes, compositoras, instrumentistas, cantoras e cantautoras.
– Compreender e relatar a perspectiva musical das mulheres que produzem música nas cidades que receberão o projeto – valorizar universos culturais e desenvolver interações entre os diversos grupos sociais/culturais.
– Reunir mulheres de maneira deliberada e organizada em torno da reflexão e problematização das questões relevantes para a temática do projeto, criando espaços de discussão sobre o tema “música e gênero” e “música e feminismos”.
– Dar reconhecimento às pluralidades, diferenças, diversidades, múltiplas vozes, experiências e existências femininas no universo musical da cidade de Foz do Iguaçu e regiões vizinhas.
– Produção de um conhecimento conceitual e procedimental útil para instrumentistas e compositoras.
– Fomentar novos projetos e ideias para a continuação de núcleos de produção de mulheres musicistas na cidade.
“Como em todas as áreas do conhecimento e da produção artística, sabe-se que a desigualdade de gênero está também presente no âmbito musical. Para darmos um exemplo recente, de acordo com a última pesquisa realizada pela Fundação Donne – woman in Music, dentro do universo profissional da música clássica (chamada “música de concerto” ou “música de tradição europeia”) foram analisadas as temporadas de concertos de 2018-2020 de 100 diferentes orquestras provenientes de 27 países (incluindo as orquestras do continente latino-americano; como as de Buenos Aires, Montevideo, Chile, São Paulo, Porto Alegre, Paraná, entre outras). Apenas 11.45% dos concertos agendados incluíam obras compostas por mulheres. Se olharmos especificamente para os números, foram 747 obras assinadas por compositoras dentre 14.747 composições executadas entre os anos de 2020 e 2021. Importante ressaltar ainda, que apenas 1.11% destas 747 obras eram peças compostas por mulheres negras ou asiáticas. Estamos trazendo o exemplo estatístico de um universo profissional reconhecido que é o da música de concerto de tradição europeia. Supomos que semelhante pesquisa fosse realizada no estado do Paraná; esse número provavelmente seria ainda menor (para não dizer quase nulo), mesmo se considerássemos outras cenas musicais da região, como a música popular urbana e as músicas tradicionais.” (fragmento extraído do projeto “Manos de Mujeres)
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