Fornari, ao centro, apresenta os finalistas Danielzinho (de vermelho) e o mano JC da Sul – Fotos: divulgação Banca 16 / @jalexvlasquez
A Banca 16, coletivo de hip hop iguaçuense já conta 10 anos de existência. Boa parte desse tempo numa construção de expressões poéticas e embates na pista. Faz alguns meses, seus organizadores retomaram uma atividade que é destaque na trajetória do conjunto: a Batalha na Pista. Semanalmente, eles voltaram a reunir centenas de pessoas para assistir desafios de pura poesia e oralidade numa disputa de conhecimento, improviso e rima, na pista de skate do Ginásio de Esportes de Foz do Iguaçu.
“Toda segunda-feira é motivo de vitória pra nós ao ver essa parada acontecendo, de forma organizada e de forma segura. Presenciamos crianças, adolescentes e adultos tendo oportunidade de estar vivenciando tudo que o Hip Hop pode proporcionar”, comemora o MC Stenio Fornari.
Fornari que, em parceria com o DJ Smoke, está na estrada do movimento desde os primórdios da banca, conta que o trabalho retomado vem crescendo a cada edição feito uma corrente. Ele avalia que a retomada vai se fortalecendo com independência, autogestão e principalmente engajamento de quem aparece e assiste uma vez a atividade promovida pelos dois amigos. “O Hip Hop está se tornando gigante em Foz do Iguaçu. E isto numa cidade em que já enfrentou muitas dificuldades devido a ineficiência de políticas públicas que atendam a cultura de rua e a juventude, além da tentativa de marginalização de nosso movimento.”
Veja registros feitos por @jalexvlasquez em edição da “Batalha da Pista”.
Na edição do dia 23 de outubro, tempo fechado, ameaça de chuva, o movimento reuniu cerca de 250 pessoas na Pista. O vencedor foi o Mc Danielzinho, numa disputa final acirrada com “o mano” JC da Sul, que representava a “Batalha do Lago”, atividade semelhante desenvolvida na região do Porto Meira. Os dois finalistas, conta Stenio Fornari, representam uma nova geração de mc’s iguaçuenses.
A estrutura do evento é simples, com o peso da palavra no centro de tudo. “A batalha a cada semana acontece com 8 MC’s selecionados”, explica Stenio. Ainda que na edição retratada na reportagem, 15 mcs foram pré inscritos. “Os duelos são feitos no esquema de bate-volta, um ataca o outro responde, intercalando 4 versos cada e duas rimas”, conclui o organizador da Banca 16.
Para dar mais brilho ao momento cultural da segunda-feira, os organizadores também programam outras atividades. Exposições, distribuição de material de leitura e artistas convidados. Na última edição, uma exposição sobre a própria cultura hip hop, cedida pela Guatá, e um pocket show do mano @_____iguin fizeram parte da programação.
“Um viva a todos que colam e emprestam esforços no movimento. E um viva especial ao Hip Hop, são 50 anos de cultura e isso ainda é só o começo”, antecipa Stenio Fornari.
A empolgação do artista não é gratuita. Recentemente, a “Batalha na Pista” galgou mais espaço para a voz do hip hop iguaçuense. Seus organizadores passaram a se mobilizar e interferir no debate da cultura local e das políticas públicas específicas para os jovens da cidade. O melhor exemplo disso é que no mês de outubro, dois de seus integrantes foram eleitos como delegados municipais à Conferência Estadual da Juventude.
Na bagagem rumo à Curitiba, levaram bandeiras e reivindicações baseadas na realidade da fronteira. Acima de tudo, coerentes com os ideias de transformação consistente em busca de justiça social. A participação na reunião estadual em defesa de políticas específicas para os jovens, especialmente na área da produção cultural e na proteção dos direitos individuais e sociais se desdobrou em outra conquista. Os dois foram eleitos para a Conferência Nacional, que será realizada em dezembro, na capital federal.
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