O Dia de Meu Pai, de Izabel Campana

Quando o aniversário dele calhava de cair junto com o dia dos pais, como neste ano, ele fazia questão de dizer que queria dois presentes, nada de tentar juntar as duas comemorações. Meu pai adorava fazer aniversário, um mês antes já começava a lembrar todo mundo da data.

Se o almoço de aniversário fosse em casa, certeza que eu faria a maionese caseira que aprendi com a Vó Irene e a Tia Carmen. Eu fazia um pote só para ele comer de colherada, sem batata. O Lucas às vezes fazia o rosbife na mostarda. Ou teríamos o bacalhau da Dona Denise, que também costumava comprar uma roupa bonita de presente pra ele, que adorava andar guapisimo no seu dia.

Nos últimos anos, fazia o tradicional lembrete da data e depois dizia que a melhor festa que ele já teve foi organizada pela Isabela França. Gostava de estar com os amigos, especialmente conversar com o Dico Kremer, que faz aniversário uns dias antes.

Recebia animadíssimo as ligações de parabéns dos chegados, da família e especialmente dos irmãos. Ficava bom tempo com meu Tio Tonico ao telefone ouvindo as imitações dos paraguaios e os causos de Foz do Iguaçu.

Como criança, queria bolo com velas e cantar parabéns com palminhas. Hoje não tem parabéns, mas um bom pedaço dele segue aniversariando por aqui. Eu vejo todo dia no meu irmão Rubens Campana, que é o que há de mais parecido com meu pai nesta terra. O velho morreria de orgulho ao ver como o Rubens cuidou e cuida da gente desde que ele partiu.

E vejo todo dia também no meu Antônio, nas coisas mais simples. Numa pose, num olhar, num gostar, na brabeza e no carisma. A todo mundo que amou e ama meu pai, que são tantos que não posso citar aqui, um abraço carinhoso. Meu pai vive em todos nós com excesso de pieguismo. Viva o Fábio!