“El Gran Capy – As fantásticas aventuras de um motociclista na Muralha da Morte” é um ato literário de coragem. O livro eterniza e desnuda as várias facetas de Capy, Albertino, Antonio… A intensa vida de um argentino capaz de dobrar o mundo atrás dos seus sonhos, paixões e amores. É difícil não apreciar a ousadia do contraditório protagonista, sempre em busca de fortes emoções e muitas vezes ausente nas coisas simples da vida. A autora, Patrícia Iunovich, apresenta narrativa forte ao compartilhar alegrias e dolorosas memórias, recordações e experiências. Sabe aquela sensação de preenchimento por ter descoberto algo sobre uma pessoa da qual nada sabemos da infância? Ao viajar pelas páginas, é possível sentir nostalgia pela história da escritora e um pouquinho das suas dores. A largada é mágica. “O último aplauso” corta o coração ao reconstruir o enterro de Capy logo numa virada de ano, uma data sempre carregada de estrondosos e coloridos fogos de artifícios. Ao longo das páginas, saltam aos olhos construções como “brincava de pai e filho”, “o universo das letras tinha estrelas”, “não sobrava espaço nenhum para ser preenchido de alegria” e o choro convulsivo do pai que perdeu o filho revelando “sensibilidade no coração daquele homem”. O livro deixa transparecer todo o amor da filha pelo pai herói. Ao mesmo tempo traz fragmentos da catarse da autora ao colocar respeitosamente o amado contra o muro pelas falhas e ausências em momentos cruciais da família. A crítica recorrente ao evidenciar as contradições entre o artista e o pai garante o equilíbrio à narrativa e à memória de Capy.
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