Ilustração reproduzida da revista Escrita 19 (Acervo Guatá)
A aparentemente rapidez com que o tempo passa impressiona desde a antiguidade. Como diziam os latinos “tempus fugit“, ou seja, o tempo foge. Quem já não se sentiu literalmente correndo atrás do tempo para dar conta das obrigações do dia a dia?
Muito antes de surgir a consciência quanto ao fluxo temporal, os ritmos biológicos, estavam em sintonia com os ciclos cósmicos, influindo em processos fisiológicos essenciais como a alternância entre o sono e a vigília.
A percepção da sucessão de dias e noites, fases da Lua e estações do ano, com sua regularidade, forneceram aos nossos antepassados padrões naturais para acompanhar a passagem do tempo. E a transitoriedade da vida fez pensar na eternidade.
A necessidade de medir o tempo com mais rigor acabou levando à construção de instrumentos como a clepsidra e o relógio de Sol, que posteriormente evoluíram para dispositivos mecânicos e eletrônicos mais sofisticados, culminando no moderno relógio atômico, que se atrasaria ou adiantaria no máximo um segundo em 100 milhões de anos!
O ser humano pode até desejar fazer o tempo fluir sobre seu comando, mas apesar dos esforços para controlá-lo com precisão cada vez maior, este segue seu fluxo inexorável. O tempo biológico nos levará a um desfecho inevitável e, portanto, a máxima “carpe diem” não perde sua atualidade.
A reflexão sobre o tempo motivou a elaboração de sentenças que sintetizam impressões e inferências relacionadas às diversas facetas desse enigmático fenômeno. Era comum encontrar frases gravadas nos antigos relógios de Sol, que forneciam a hora mediante a sombra projetada por um objeto sobre uma escala graduada, e permaneceram em uso por muitos séculos. Transcendentes ou versando sobre fatos cotidianos, às vezes espirituosos só em alguns casos sombrias as frases gravadas nos relógios de Sol, em sua singela sabedoria, ainda fazem pensar. Algumas delas foram reproduzidas como ilustração deste ensaio, com o original em latim e a respectiva tradução.
Daniel Iria Machado é doutor em Educação para ciência na cidade de Foz do Iguaçu, Pr. Texto publicado originalmente na Revista Escrita nº19.
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