Acrílico sobre tela de Giane Lessa (foto: reprodução web)
O circuíto midiático crescente passa a ter tanto poder e alcance que quase engole espaços como a escola, o correio e as lojas de discos. Mas um sistema normatizante age contra a perda do controle. Com a propriedade intelectual considera-se que as idéias são como objetos que devem ter um dono. Apartir dessa norma um debate imenso confronta o sistema que regula a apropriação das idéias. Enquanto isso surgem ações que invertem a lógica como o Movimento Software Livre. .
Este movimento propõe a colaboração onde cada um soma seu conhecimento ao conhecimento do grupo desenvolvendo softwares que tem seus códicos abertos, ou seja, você pode saber como o software foi desenvolvido, pode usá-lo, melhorá-lo e devolvê-lo melhorado à comunidade que o disponibilizou. Isso numa dinâmica colaborativa que liberta as ideias pois impossibilita a apropriação e dependência que os donos do conhecimento detinham. .
Com a implosão da mídia-digital controlar a distribuição de conhecimento, música e vídeo, se torna um problema para quem, até então, mantinha os poderes de cópia, que na maioria das vezes nem era do próprio autor, mas sim das editoras e gravadoras. Isso pode ser considerado a mais valia artística já que artistas e autores recebiam em torno de 1 a 3% do valor da venda de discos e livros. Por muitos anos isso funcionou até que os próprios artistas começam a produzir suas obras e disponibilizam seus conteúdos na internet como no Movimento Música para Baixar. .
Exemplos como esse representam a resistência criativa e inteligente que possibilita a liberdade enquanto ação em prol da colaboração e não só da competitividade do capitalismo selvagem. Resistir com criatividade é um objetivo que me tornou educadora popular e usuária 100% software livre. Já que a educação formal incluindo as universidades na maioria das vezes ainda reproduzem um sistema de poder desigual que não está voltada a desenvolver a dignidade e o pensamento crítico e criativo passei a estudar e trabalhar em projetos sociais que proponham ações pela autonomia como no Pontão Minuano onde desenvolvemos cursos de áudio, metarreciclagem, vídeo, arte gráfica e comunicação com software livre para que as pessoas e pontos de cultura possam produzir e publicar seus próprios conteúdos sem precisar comprar ou piratear softwares proprietários. Entendo com esse trabalho que o empreendedorismo social e cultural é uma alternativa para difundir a cultura brasileira onde as comunidades podem se desenvolver com mais dignidade e autoestima. .
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