– Uma letra de Cazuza –
Disparo contra o sol Sou forte, sou por acaso Minha metralhadora cheia de mágoas Eu sou o cara
Mas se você achar Que eu tô derrotado Saiba que ainda estão rolando os dados Porque o tempo, o tempo não pára
Dias sim, dias não Eu vou sobrevivendo sem um arranhão Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos Tuas idéias não correspondem aos fatos O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não pára Não pára, não, não pára
Eu não tenho data pra comemorar Às vezes os meus dias são de par em par Procurando agulha no palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer E assim nos tornamos brasileiros Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro Transformam o país inteiro num puteiro Pois assim se ganha mais dinheiro
Cazuza, poeta, letrista e músico brasileiro (04.04.1958 – 07.07.1990)
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