Plataforma que mapeia casos recentes de censura a artistas no Brasil lançada em 2019, o Observatório de Censura à Arte ganhou um novo site com mais conteúdo. O projeto tem como marco inicial a mostra Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, caso de censura emblemático que aconteceu em Porto Alegre em 2017. Em 2023, cinco novos casos foram adicionados ao levantamento, o que demonstra que a repressão a artistas e trabalhadores da cultura continuam.
Entre os novos conteúdos, é possível conferir projetos derivados do Observatório, como a newsletter Firmina, que faz uma curadoria de notícias sobre liberdade artística, educacional e religiosa no Brasil com periodicidade semanal; o podcast Cartografias da Censura à Arte, que propõe uma reflexão sobre a história do cerceamento à liberdade de expressão no país, em especial durante o período de ditadura militar; e o Dossiê Arte, Diversidade e Liberdade de Expressão, pesquisa que propõe uma reflexão sobre a história da censura a produções culturais brasileiras e seu entrelaçamento com temáticas afro religiosas, feministas e queer.
Além disso, há uma aba impacto, que contém um acervo de publicações acadêmicas que pesquisaram o cerceamento à liberdade artística recente no país utilizando a plataforma como referência. Um exemplo é o artigo A Política Cultura e o governo Bolsonaro, que buscou evidenciar e discutir um conjunto de mudanças institucionais sofrido pela política cultural no Brasil na contemporaneidade, especificamente durante o Governo Bolsonaro.
Os casos do Observatório são coletados com base em denúncias e pesquisas em meios jornalísticos e de comunicação. Todos têm sua veracidade checada antes de serem registrados na plataforma. A plataforma adota como metodologia critérios do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura da USP, que define a censura como “um ato que visa alterar, modificar, silenciar, interditar manifestações de produção simbólica – livros, revistas, charges, encenações teatrais, músicas, danças, pintura, desenho, notícias, conteúdos digitais, games.”
Este ano, o sistema já registrou cinco ataques diretos a artistas no Brasil, incluindo exposições LGBTQIA+ e esculturas em homenagem a culturas africanas. Artistas LGBTQIA+, mulheres, negros e indígenas seguem sendo perseguidos por parcelas da população e também por governantes.
Nonada Jornalismo é uma organização sem fins lucrativos que entende a cultura para além da produção artística. Desde 2010, busca ecoar com viés decolonial as múltiplas vozes que formam a cultura brasileira, com enfoque em pautas sobre processos artísticos, políticas culturais, comunidades tradicionais, culturas populares, censura e direitos humanos, memória e patrimônio.
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