Fotos: divulgação / Itaipu Parquetec
Na da quinta-feira (2 de outubro), agricultores de Foz do Iguaçu participaram da Oficina: Agricultura e Calendário Biodinâmico, realizada no Centro de Triagem da COAFFOZ. O encontro, promovido em parceria com o Itaipu Parquetec, reuniu cerca de 40 participantes, entre agricultores familiares, sócios da cooperativa e convidados, em uma tarde de aprendizado prático, trocas de experiências e reflexões sobre o papel do ser humano na natureza.
A atividade teve como mediador o agricultor e ativista da agroecologia Mário Barbarioli, referência nacional na promoção da agricultura biodinâmica. Para ele, a oficina é uma oportunidade de reconexão com o cosmos: “A oficina tem uma primeira parte astronômica, em que tento mostrar como estamos inseridos nesse sistema maior e como isso influencia no nosso corpo, no nosso modo de pensar e de viver. A ideia da biodinâmica é trazer essa percepção de que assim como uma árvore, um animal, uma pedra, nós também somos parte desse todo”, explicou.
Além de fundamentos filosóficos e científicos, Barbarioli destacou a aplicação prática do Calendário Lunar Agrícola Biodinâmico, ferramenta que auxilia no manejo e na produtividade das lavouras: “O calendário funciona como uma folha simples: mostra a posição da lua, em qual constelação ela está e qual manejo pode ser feito naquele momento. É uma ferramenta como uma enxada ou um trator. O agricultor pode usá-la para saber o melhor dia para trabalhar raiz, folhas, flores ou frutos.”, completou.
A oficina faz parte de um ciclo de capacitações apoiadas pelo Itaipu Parquetec. “Tudo isso é em função da capacitação que o Itaipu Parquetec está oferecendo. A gente tinha um compromisso de participar, e no final desse módulo surgiu a ideia de trazer o Mário. É conhecimento que transforma. Você não muda as pessoas se não houver aprendizado, e isso reflete em produtividade e numa maneira diferente de produzir”, ressaltou Izabel Quaresma de Morais, presidente da COAFFOZ.
Para o engenheiro agrônomo Alessander Von Wagner Fagundes, do Itaipu Parquetec, o evento atendeu a uma demanda antiga dos agricultores: “Os produtores gostam muito do calendário biodinâmico e sempre pedem por isso. A ideia foi trazer quem desenvolve esse conhecimento, para mostrar desde os princípios teóricos até a prática de como ele constrói esse calendário. Além disso, encontros como esse fortalecem os laços sociais entre as cooperativas e promovem a troca entre agricultores”, destacou.
Agricultores participantes também compartilharam suas vivências. O agricultor familiar Noedir José Eloy, que utiliza o calendário há cerca de dez anos, contou como a prática mudou sua relação com a terra: “Antes eu trabalhava na terra e a planta não desenvolvia. Hoje eu sei que existem dias em que não se deve mexer no solo. Essa oficina me ajudou a entender ainda mais, por exemplo, como a lua pode influenciar a poda das goiabeiras. Vou me aprofundar no uso do calendário, porque é um processo muito bom”, afirmou.
A agricultura biodinâmica, criada a partir dos estudos da antroposofia, busca integrar o ser humano aos ciclos da natureza, respeitando os ritmos da lua e das constelações no cultivo. A prática representa não apenas uma técnica agrícola, mas uma filosofia de vida, que propõe harmonia entre a produção de alimentos, o ambiente e a saúde das pessoas. O calendário é uma ferramenta que instiga os agricultores a observarem a natureza e adaptar técnicas e métodos à sua realidade produtiva.
“A base da vida na Terra é o alimento. Se ele está sendo degradado com veneno, nós também estamos sendo. A biodinâmica traz outro olhar, outra percepção de como estamos inseridos nesse contexto”, resumiu Barbarioli, que encerrou a oficina convidando os participantes a levarem consigo não só o calendário, mas uma nova forma de estar presente e consciente no trabalho com a terra.
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