Por ocasião da abertura da Jornada do Livro nesta terça-feira (18/06) em Berlim, a Federação do Comércio Livreiro justificou a escolha do nome do brasileiro afirmando que, com suas fotografias, Salgado é um artista visual que promove a “justiça e paz sociais” e confere urgência ao “debate mundial sobre a proteção da natureza e do clima”.Além disso, com seu Instituto Terra, Salgado criou uma instituição que presta uma contribuição direta para a recuperação da biodiversidade e ecossistemas, acrescentou a instituição.“Ao descrever suas contundentes imagens em preto e branco como uma homenagem à grandeza da natureza, dando visibilidade tanto à desfiguração da Terra quanto à sua frágil beleza, Sebastião Salgado nos dá a chance de compreender o planeta como ele é: um habitat que não pertence somente a nós e que deve ser preservado urgentemente”, disse o presidente da Federação, Heinrich Riethmüller.Salgado nasceu em 8 de fevereiro de 1944 em Aimorés, Minas Gerais, tendo sido criado numa grande fazenda na Mata Atlântica. Ele estudou economia e, durante a ditadura militar, participou do movimento de oposição de esquerda, razão pela qual teve que emigrar para Paris em 1969.
A partir de 1971, Salgado passou a supervisionar como economista projetos de ajuda ao desenvolvimento na África. Ali, ele descobriu sua paixão pela fotografia, à qual decidiu dedicar-se inteiramente em 1973.
Pobreza, fuga, perda da pátria e guerra foram os principais motivos de suas imagens exclusivamente em preto e branco. Com os livros Êxodos e Crianças, ambos publicados em 2000, o brasileiro chamou atenção para o destino de 30 milhões de refugiados em todo o mundo.
Por razões de saúde e devido às dúvidas que o confronto direto com o genocídio em Ruanda lhe trouxe sobre o seu trabalho, em meados da década de 1990, ele parou por um tempo com a fotografia.Junto à sua esposa, a arquiteta Lelia Wanick Salgado, ele retornou ao Brasil e começou a reflorestar a fazenda de seus pais. Em 1998, os 680 hectares foram convertidos em reserva natural e foi fundado o Instituto Terra, entidade sem fins lucrativos.Desde então, eles conseguiram plantar 2,7 milhões de árvores e recuperar a floresta a uma condição predominantemente original, de acordo com a Federação do Comércio Livreiro Alemão. Também em seu trabalho, a partir da década de 1990, Salgado se voltou cada vez mais para a fotografia de paisagens. Surgiram os livros África (2007) e Gênesis (2013).O Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão é entregue desde 1950 e é uma das mais importantes distinções literárias do país. Entre as personalidades agraciadas estão Albert Schweitzer (1951), Hermann Hesse (1955), Astrid Lindgren (1978), Siegfried Lenz (1988), Mario Vargas Llosa (1996), Martin Walser (1998), Jürgen Habermas (2001), Orhan Pamuk (2005) e David Grossman (2010).A cerimônia de entrega do prêmio será realizada no final da Feira do Livro de Frankfurt, em outubro.
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