Um grupo de pesquisadores brasileiros e ingleses conseguiu estabelecer que pequenos fósseis encontrados no Rio Grande do Sul no início dos anos 2000 são os mamíferos mais antigos do planeta Terra. A descoberta foi publicada no início de setembro, no periódico inglês Journal of Anatomy. . Visitação A UFRGS tem um exemplar dos fósseis que foram estudados em exposição no Museu de Paleontologia, juntamente com a sua reconstituição. A visitação é gratuita, mas precisa de agendamento em caso de grupo de mais de seis pessoas. .
Os pequenos brasilodotídeos . Os estudos foram realizados com as dentições dos Brasilodon quadrangularis, encontrados em rochas fossilíferas do período Triássico/Noriano, datadas como tendo aproximadamente 225 milhões de anos. Os materiais foram encontrado inicialmente em Faxinal do Soturno, na Região Central do Rio Grande do Sul, e depois em outros pontos do RS. Os pequenos brasilodotídeos tinham apenas 20 cm de comprimento e se assemelhavam aos pequenos roedores atuais. . “Os materiais foram encontrados no início dos anos 2000, mas não tinham uma identidade estabelecida como mamíferos, eles estavam estabelecidos como répteis, estavam fora do quadro mamário”, explica o paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, doutor em Geologia pelo Programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). . O pesquisador foi orientado pelo professor Cesar Leandro Schultz, que também assina o trabalho ao lado de pesquisadores de diferentes instituições e áreas. . A pesquisa analisou a mandíbula dos animais — Foto: Rochele Zandavalli / UFRGS . Cabreira explica que o animal foi descrito desde 2003 na literatura internacional pelo paleontólogo José Bonaparte, mas que, naquele momento, “inexistiam ferramentas acadêmicas para analisar a biologia do animal”. Os pesquisadores criaram, então, um novo método que consiste em analisar a dentição de um conjunto de três mandíbulas. . “Nossa pesquisa demonstrou, através de análises de microscopia das mandíbulas e dos dentes, que estes pequenos animais já apresentavam difiodontia, isto é, apenas uma dentição permanente substituindo a dentição de leite”, explica Cabreira. Dessa forma, foi possível constatar que a substituição dos dentes ocorreu dentro de um “padrão tipicamente mamariano placentário”, explica. . . O pesquisador afirma que o grupo começou a estudar o material em 2004 e, “ao longo dos últimos anos a gente vem agregando ferramentas teóricas para que pudéssemos interpretar as lâminas histológicas”. Ele destaca que mandíbula do animal tem cerca de 2 centímetros. . A descoberta De acordo com Cabreira, a descoberta muda o paradigma do que era entendido até então como os primeiros caracteres mamarianos. “Os métodos atuais de classificação do que é um mamífero vão ter que se readequar”, afirma o pesquisador, incluindo a bibliografia acadêmica sobre a genética da origem dos mamíferos. . “O que nós estamos vendo é que os mamíferos são muito mais antigos do que se pensava”, afirma. . De G1 RS / Por Juliana Lisboa