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Texto de Yara Barros (*)
. Capturar onças-pintadas e monitorá-las por meio de colares aparelhados com GPS e transmissão por satélite é um grande desafio, somado a tantos outros que pesquisadores e gestores do ICMBio vencem, para colocar em prática as estratégias de conservação para essa espécie ameaçada. Lado a lado com muitos parceiros de instituições nacionais e internacionais, se utilizam das capturas par avaliar as condições corpóreas e saúde; o aparelhamento dos animais para entender sua movimentação, determinar o uso do espaço, como elas estruturam seu território, suas atividades diárias, entre muitos outros fatores importantes à sua sobrevivência.
Neste início de março, foi realizada uma campanha binacional para a captura de uma onça-pintada importante para entender a dinâmica da espécie no Parque Nacional do Iguaçu, um dos mais importantes redutos para a espécie na Mata Atlântica. O Parque Nacional do Iguaçu/ICMBio por meio do Projeto Onças do Iguaçu/Instituto Pró-Carnívoros e o Projeto Yaguareté da Argentina, organizaram essa campanha, em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP) do ICMBio. Participaram da campanha também veterinários do Refúgio Bela Vista-Itaipu Binacional e do Parque das Aves.
A missão da expedição foi a captura de Indira, uma fêmea com cerca de 4 anos de idade, que o Projeto Onças do Iguaçu acompanha desde que ela era um bebê. Em 2020 a Indira atingiu a maturidade sexual, e foi registrada com seu filhote Aritana, e a dupla é vista junta com frequência. Essa fêmea incrível é uma sobrevivente: ela passou a ser registrada sem a mãe, a Atiaia, quando tinha apenas um ano, fase em que as jovens onças ainda dependem das mães para aprenderem, serem protegidas, sobreviverem.
E mesmo assim ela persistiu, chegou à idade adulta e hoje cria seu filhote de cerca de um ano e meio de idade. Recentemente foi observada com um macho e suspeita-se que se encontra prenhe novamente.
Indira, símbolo da força feminina, foi capturada no Dia Internacional da Mulher, pela equipe binacional, e a partir de agora será monitorada hora a hora, pela equipe do Projeto Onças do Iguaçu e pelo ICMBio/CENAP. Essa pequena linda onça pesou 40 kg e teve sua saúde avaliada mostrando-se muito saudável. Após recuperar-se do anestésico, Indira retornou à mata e a partir de então temos a possibilidade de descobrir alguns segredos que esses olhos dourados escondem. As informações fornecidas por Indira serão utilizadas para compor diversas estratégias para a conservação dela, de seus descendentes e outras onças de toda Mata Atlântica.
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