Por iniciativa do deputado estadual Tadeu Veneri (PT), o Paraná agora tem a Semana do Contestado em seu calendário, através da lei estadual 20507/2021. Para ativá-la, na semana de 20 de outubro de cada ano, serão incentivadas a realização de atividades pedagógicas e reflexão sobre a Guerra do Contestado, o território e a identidade cultural do povo caboclo.
A lei foi publicada no dia 8 de março deste ano e aprovada como PL em outubro do ano passado. A ideia é que através de atividades culturais e artísticas, seminários, debates, congressos, encontros e outras iniciativas, a celebração da Semana ajuda a manter viva a memória da comunidade paranaense e amplie o conhecimento de episódio marcante da história regional.
A guerra, num breve resumo
A Guerra do Contestado ocorreu entre o Paraná e Santa Catarina, entre 1912 e 1916, por conta de impasses causados por disputa de terras, em contexto de problemas sociais, violação de direitos humanos pelas oligarquias da madeira e erva-mate.
A guerra, que se arrastou por quatro anos e transformou a região do Contestado (área disputada por Santa Catarina e Paraná) no palco da revolta mais sangrenta do século 20 no Brasil.
Os rebeldes chegaram a se espalhar por uma área equivalente ao tamanho de Alagoas. Entre 1912 e 1916, eles enfrentaram as forças policiais e militares dos dois estados e do Exército. Os insurgentes eram movidos por motivos que iam do messianismo à luta pela terra. Eram contra o poder público e os coronéis locais. Reagiam ao impacto da construção de uma estrada de ferro, que os expulsou da terra onde viviam.
Estima-se que pelo menos 10 mil pessoas pereceram na região do Contestado, tanto nos combates quanto de fome e de doenças como o tifo, que se alastrou pelas “cidades santas” erguidas pelos revoltosos. Entre os mortos, milhares de mulheres e crianças. A guerra mobilizou metade do efetivo do Exército: mais de 7 mil soldados, nos momentos de luta mais intensa.
Até aviões foram usados na Guerra do Contestado – Imagem: wikipedia
A indefinição dos limites territoriais entre Santa Catarina e Paraná vinha desde o Império, e até a Argentina pleiteava a posse de áreas dos dois estados. O Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa aos catarinenses em 1904 e reafirmou sua decisão nos anos seguintes, mas a sentença era ignorada pelo governo paranaense. Nesse cenário de conflito, a revolta prosperou.
A guerra começou pequena, com um grupo reduzido de sertanejos (moradores desses campos do Sul, chamados de sertão na época) que em 1912 reuniu-se em torno de um curandeiro. José Maria seguia a tradição de outros dois curandeiros que haviam passado por lá anos antes e eram considerados “monges” pelos sertanejos. Ele também fazia profecias: anunciava uma monarquia celestial em que todos viveriam em comunhão, dividindo bens.
Dos seguidores do novo monge, muitos eram posseiros, sitiantes e pequenos lavradores que haviam sido expulsos das terras em que viviam pelo grupo americano responsável pela construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, do megaempresário Percival Farquhar.
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Guatá com assessoria
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