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. Eram amigos de muitos anos. De décadas. Desde o primário, alguns. Outros, do ginásio. Sendo ou não da mesma sala, sempre andavam em grupo. Recreio, festas, clube. Mesmo em faculdades e cidades diferentes, toda semana se encontravam. Bares, churrascos, noitadas. Casaram, viajaram, mudaram ou ficaram – mas não deixavam de se ver. Bola é que só jogaram uma vez juntos. Nunca haviam reparado. Cada um tinha um pessoal que jogava num lugar, eram dias diferentes, ou por distração, ou sabe-se lá por quê. . Quando perceberam é que resolveram marcar. Arrumaram um sítio, esposas, filhos, outros convidados, cerveja, piscina, música, seis pra cada lado, bola, rede, vamos lá. Par ou ímpar. Esse, aquele, mas e eu?, por que ele?, surgiram umas rusgas. Depois uma entrada dura. Em seguida, um não deu o passe pro que estava na cara do gol. Outro reclamou de uma bola perdida na defesa. Falta! Não foi! Ladrão! Empurrões, caretas, braços pro ar. As famílias e os demais notaram, chamaram pra parar, comer, dançar, nadar. Não. A coisa estava renhida. Carrinhos. Dedo na cara. Palavrões.
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