– Texto de apresentação da revista Escrita 45 –
Faz algum tempo, meses talvez, Chano Marín, uruguaio, biólogo aposentado e amante das artes. De passagem por Foz do Iguaçu, quando visitava a filha que faz mestrado na Unila, foi ao espetáculo de circo sem lona da Troupe da Luz da Lua e assistiu “Muamba” se apresentar. Aí, olho apurado, flagrou a foto que viria a ser esta capa. Em novembro, fomos conversar com João Batista de Andrade, com o intuito de que escrevesse sobre a vida na arte. Essa ideia, que no caso dele impregna seu dia a dia. “Se você ainda não é palhaço, é porque ainda não escutou a voz de teu coração”, costuma dizer o criador e protagonista da persona “Muamba”. No meio da conversa, em meio à seriedade com que João edifica sua profissão, a foto de autoria de Chano Marín veio à cena. E a Escrita 45 ganhou uma capa. Chano já acompanhava as edições impressas e também na internet da Guatá, como fomos saber num primeiro contato on line. Ele, que lá na cidade uruguaia de Carmelo também vê importância em se valorizar as expressões de artistas populares, concordou no primeiro instante em fazer parte da edição. A filha de Chano, Marin Pez, artista circense, também fotografa. Participa da edição numa foto um tanto inusitada. Ela e o guitarrista argentino Nacho Prassel assinam a quatro mãos “un autorretrato de los dos”, conforme explica. Uma leitura, digamos assim, muito particular de um mundo de ponta-cabeça. Assim, em dezembro, fruto novamente da generosidade da família Marín, algumas dezenas de exemplares da revista 45 partem em direção do Uruguai levando nossa verve e nossos olhos. E mãos sensíveis em Carmelo e Montevidéo folhearão um bocado de sonhos.
Silvio Campana, editor da revista Escrita 45
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